Diferente do Avenida, o Brasil de Pelotas entrou em campo determinado a bater, tanto para neutralizar jogadas como, e principalmente, para intimidar.
Em dois minutos de jogo, foram duas faltas, a primeira sobre Éverton, uma entrada por trás que poderia resultar em cartão amarelo, mas o árbitro Anderson Daronco deixou livre.
O técnico Clemer apostou na velha máxima de que juiz nos primeiros minutos apenas adverte, mesmo em lances que mais adiante ele aplicará cartão amarelo ou vermelho. Normalmente é assim que funciona.
O Brasil, portanto, entrou decidido a neutralizar o melhor futebol do adversário usando a violência, mesmo em lances banais. Mas os jogadores do Grêmio não se assustaram, continuaram partindo pra cima da marcação. Luan foi o alvo preferido das chuteiras, seguido de Éverton.
Aliás, Éverton o melhor em campo, seguido de Jael.
EXPULSÃO
O volante Sciola começou a ser expulso aos 33 minutos, quando Arthur bateu forte (a bola tinha endereço certo) de fora da área, e Sciola saltou para obstaculizar o arremate, mas abriu demais os braços. Daronco marcou falta e deu cartão amarelo para o jogador pelotense.
Minutos antes de terminar o primeiro tempo, Sciola, na ânsia de dar mais uma entrada dura em Luan, saltou com o joelho direito nas costas do craque gremista, uma falta grosseira, temerária e absolutamente desnecessária. Falta que merecia no mínimo cartão amarelo, que foi aplicado corretamente pelo Daronco, que teve uma atuação ótima na comparação com ele mesmo.
Bem, com um jogador a mais tudo ficou mais fácil para o Grêmio, que até ali enfrentava dificuldade para penetrar no bloqueio do Brasil, que, inclusive, chegou a levar perigo em dois ou três lances.
O que se ouve e lê desde esse momento é que o Grêmio foi ajudado pela arbitragem, que a expulsão foi um exagero, que não era lance para um segundo amarelo. É uma choradeira só.
Há um coro de comentaristas que entoam a mesma ladainha. Penso que quase todos, a começar pelo Maurício Saraiva, que escreveu essa pérola no globo.com:
“Sequer posso dizer que (Daronco) errou na expulsão de Éder Sciola ao fim de um primeiro tempo que o Brasil jogava estrategicamente à perfeição. Mas posso dizer, sim, que era uma expulsão que ele poderia evitar”.
A estratégia do Brasil, perfeita segundo ele, era fundamentada em matar as jogadas de qualquer jeito. E isso tem um custo, tem o risco de penalização. Foi o que aconteceu. A estratégia, portanto, não foi perfeita, porque resultou na expulsão de um jogador.
A lamentar também a posição do ex-juiz Márcio Chagas, que segue nessa mesma linha. O colorado Batista destoou desse coro de lamentações ao afirmar que a expulsão foi justa (capaz de perder o emprego).
DARONCO NÃO FOI VUADEN
O técnico Clemer talvez apostasse no fato de que o Grêmio sempre é prejudicado no Gauchão, e que Daronco repetiria Leandro Vuaden, que no último Grenal deixou os jogadores colorados, em especial Dourado, baixa a ripa nas canelas gremistas, principalmente em Luan.
Mas Daronco não foi Vuaden, e é por aí também que pode se explicar a vitória arrasadora do Grêmio.
Logo no primeiro lance do segundo tempo Éverton marcou 1 a 0, recebendo passe açucarado de Jael. Depois, aos 9, Alisson pegou rebote do goleiro após um cabeceio forte de Jael. Nesse lance, destaco que Jael ergueu o braço acenando para Maicon, que lançou na medida para o centroavante.
Aos 24, Jael teve seu momento de craque: tocou de calcanhar para Éverton invadir a área e chutar com categoria, ampliando para 3 a 0. O quarto gol foi de Ramiro, batendo falta de longe. O goleiro Pitol, que vinha se destacando com grandes defesas, falhou feito: 4 a 0.
O Grêmio até poderia ter ampliado, mas o resultado já serve para dimensionar a diferença de grandezas em campo.
Por fim, gostei muito da dupla Arthur e Maicon. Os dois jogam por música formando um tripé de alta qualidade com Luan. Agora, é importante registrar que o time perdeu um pouco de poder de marcação sem Jaílson, que deve voltar no Bento Freitas com suas arquibancadas móveis, liberadas pelo Corpo de Bombeiros.
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