O Brasil, digo, o Grêmio que eu quero é o que joga sempre a morrer, como se cada partida fosse uma eliminatória da Libertadores.
Eu sei que isso é impossível, porque cada jogo tem sua história e circunstâncias, a começar pelo peso do adversário.
Um São Paulo que ainda por cima sai na frente logo nos primeiros minutos é um adversário que precisa levar uma lição, ainda mais quando o gol foi marcado por um ex-gremista, o Diego Souza, que parece ter um prazer especial em jogar contra o Grêmio.
O gol feriu o amor-próprio do time, que vinha de uma atuação quase medíocre contra o Vasco, e que alegrou uns e outros diante da possibilidade de uma crise no clube que representa o Rio Grande do Sul na Copa do Brasil e na Libertadores.
O que se viu foi um Grêmio indignado como a gente só percebe nos mata-mata de fase derradeiras das competições. Um Grêmio jogando com alma.
Como descrever a atuação de Kannemann, que evitou um gol do São Paulo e, mais do que isso, se impôs com bravura e, diria até, com raiva, sangue nos olhos e, sim, o coração na ponta da chuteira?
E o Marcelo Oliveira, tripudiado – com um pouco de razão – pela maioria dos gremistas, esquecidos que no futebol não se pode ser definitivo, porque tudo pode mudar em questão de minutos, ou de um jogo para outro.
A ‘avenida Marcelo Oliveira’ ficou interditada ao trânsito de intrusos. MO foi outro bravo, como de resto todo time, e eu o destaco apenas porque poucos jogadores do grupo atual são tão criticados quanto ele.
Foi o Grêmio da superação. Aqueles que se apressaram em dizer que havia um racha no vestiário a partir de declarações do técnico Renato Portaluppi vão ter de esperar pela próxima má atuação para destilar seu veneno.
Por fim, o grande destaque individual do jogo: Éverton. Em dois lances de técnica e ousadia, além de força e velocidade, ele fez os gols da vitória. No primeiro, lançamento preciso do Maicon; no segundo, uma enfiada de bola de Luan, que até nem fez grande partida.
Uma pena que não veremos o Grêmio jogando sempre assim no modorrento Brasileirão dos pontos corridos. Se isso fosse possível em meio a outras duas grandes competições, o tri seria até tranquilo.
O Flamengo, próximo adversário pelas quartas-de-final da Copa do Brasil (dia 1/8, na Arena), já viu o que o espera.