O centroavante Paolo Guerrero desembarcou com aura de ídolo, herói, craque e salvador da pátria.
Segundo estimativa da imprensa, uns cinco mil colorados estavam no aeroporto para receber o peruano, de 34 anos (dado colocado no rodapé das notícias ou desprezado).
O contrato milionário de três anos com um jogador veterano, em declínio natural em função da idade, e que carrega sobre os ombros condenação por doping, também não interessa.
O que importa é a grande festa ao jogador que, esperam os colorados, irá liderar a busca pelo título brasileiro. Até a camisa, de número 79, que ele vestiu traduzia essa esperança, essa expectativa de todos os colorados, desde os das arquibancadas até os da imprensa.
Afinal, está duro para os colorados aguentar o Grêmio ganhando quase tudo, jogando um futebol referência de qualidade, e ocupando largos espaços na mídia nacional e até no exterior. Nós gremistas já passamos por isso. É muita dor, despeito, inveja. Faz parte, tudo muito normal.
Tudo isso ajuda a explicar tanta euforia pela contratação de um jogador que já mostra indícios de decadência e cujo histórico recente não justifica tanto investimento: salário em torno de 600 mil reais, fora luvas parceladas. Sem contar um valor aplicado por um ‘generoso’ investidor, que com certeza terá de volta o dinheiro aplicado, talvez em percentuais de jovens promessas.
Mas em dia de festa não é bom lembrar esse tipo de coisa. O que importa é que Guerrero simboliza para o torcedor, que só irá refletir sobre essa contratação polêmica se o retorno em forma de gols e de vitórias não for o que esperam os colorados.
Sabe-se que a frustração ocorre na razão direta da expectativa criada.
Foi o que aconteceu com Forlan, também recebido por milhares de torcedores no Salgado Filho, em 2012. E suas credenciais eram muito superiores ao da contratação atual. Era nada menos do que o jogador eleito como o melhor da Copa do Mundo daquele ano. Acabou fracassando, não correspondeu à expectativa criada.
As contratações de maior impacto sempre mobilizam muito a torcida e dão destaque ao clube contratante, mas nada garante que venham a atingir o resultado esperado dentro de campo, que é o que realmente interessa.
Por enquanto, Guerrero é uma contratação de alto risco, que compromete ainda mais as finanças do clube em nome da esperança de um título capaz de atenuar o sofrimento colorado nos últimos anos com o sucesso do Grêmio e a recente queda para a segundona nacional.