Secar é uma arte. Não existe uma lógica para todos. Cada um tem sua lógica na hora de secar.
Agora mesmo eu estou secando o Cruzeiro, que acabou de fazer um gol antes do intervalo.
Não quero ver o Cruzeiro campeão da CB de novo. Mas não é só por isso. Há um motivo mais profundo: a vitória do Cruzeiro será a vitória do estilo Mano Menezes de trabalhar, e que todos nós conhecemos muito bem.
Há quem goste, e os resultados têm sido bons pra ele. Futebol de marcação, porrada como se viu contra o Grêmio no ano passado pela CB, e a luta por um golzinho, normalmente de cabeça, porque o jeito Mano de jogar é de chegar na intermediária e mandar a bola pra área.
Os mais pragmáticos, inimigos do Guardiola e seus seguidores e secadores do Renato, comemoram cada gol de cabeça – se for do camisa 9 que não pode faltar no time desse pessoal -, melhor ainda.
Não por coincidência o gol do Cruzeiro, no finalzinho do primeiro tempo, foi de cabeça, meio na sorte, de chiripa. Tinha o Barcos e o Thiago Neves na jogada, adivinha quem fez o ‘golo’ (como diz o RW ironizando a turma do calção sujo e do centroavante aipim)?
Não, não foi o aipim castelhano, jogador que quero ver distante da camisa do Grêmio.
Então, secar faz parte da vida do torcedor. Eu diria que o torcedor passa mais tempo secando do que torcendo pelo seu time.
Hoje eu sou Corinthians. Domingo, já decidi comigo mesmo, que vou secar o Inter, o que não é nenhuma novidade. Serei Diego Aguirre, a quem já sequei muito.
Tem o jogo do Grêmio contra o Palmeiras. Renato vai mandar a campo um misto frio, ou até um time apenas com reservas.
Vou torcer pelo Grêmio, claro, mas de leve. Não vou triste se o Palmeiras vencer. Aliás, o Palmeiras do Felipão é o favorito nesse jogo. Se vencer, consolida também seu favoritismo na disputa pelo título.
Hoje, tenho de admitir que o Palmeiras é o meu segundo time no país. E penso que muitos gremistas compartilham desse sentimento.
Se o Grêmio tivesse vencido o Bahia, estaria ainda credenciado a brigar pelo título do Brasileirão. Como ficou só no empate, restou, em tese, apenas um time para impedir o pior, que seria o título colorado 39 anos depois.
Imagine, o piá nasceu no final de 79, com o pai colorado já colocando-0 de sócio vermelho e tirando fotos do inocente bebê com uma camisetinha colorada. Aí o guri cresce e fica amargando 39 longos anos, já com uma calvície e uma barriguinha avantajada de incontáveis skol ou Kaiser, sem título do Brasileirão. Nesse meio tempo, vendo o Grêmio ser campeão do mundo, bi da Libertadores, etc.
Um sujeito assim deve ter sequelas emocionais graves.
Em resumo, sou Palmeiras, porque é o único com reais condições de superar o Inter, embora eu ache que o time do Odair, depois de perder para o Sport, começou a descer a ladeira.
Só tem um detalhe que me preocupa: uma vitória do Palmeiras vai dar um impulso aos defensores do estilo Felipão e Mano de jogar.
Bem, mas isso eu suporto, porque será por uma nobre causa.
CORRIDA PRESIDENCIAL NO GRÊMIO
Já tem gente se apresentando, ainda discretamente, para disputar a sucessão do presidente mais vitorioso desde Fábio Koff.
Os nomes que estão sendo lembrados, já faz algum tempo, para ocupar a cadeira de Romildo Bolzan, dentro de pouco mais de um ano, são esses (não pela ordem):
Marcos Hermann, Odorico Roman, Cláudio Oderich e Carlos Biedermann, atual presidente do CD do clube.
Corre por fora o favorito entre os torcedores ‘raiz’: Nestor Hein. Mas este dificilmente irá concorrer.
Nestor tem resistido bravamente à pressão de amigos para que entre na disputa.