Na véspera do jogo, escrevi que o Gre-Nal seria do ‘medo’, não de ‘protesto’ conforme manchete do jornal ZH, valorizando um suposto atrito entre Inter e sua federação.
Bem, o Grêmio reforçou essa definição ao escalar seu time reserva, inclusive com um goleiro inexperiente, o jovem Breno, uma temeridade. Mas o guri se saiu muito bem.
Agora, os medos se justificam. O Inter temia desestabilizar seu time titular, de boa campanha na Libertadores, correndo risco de ser goleado.
Já o Grêmio, aproveitando que uma virose afastaria dois ou três titulares, tratou de preservar sua equipe principal com medo de lesões, o que é também justificável até pela presença do sr Daronco, aquele que deixou passar em branco a cotovelada assassina de William.
Essa decisão foi sensata, mas frustrante. A Arena quase lotou porque a torcida gremista queria ver uma goleada do seu time titular. O pessoal que veio do Interior acabou pagando caro por um clássico de segunda linha. Aliás, um clássico digno desse noveletão.
Sobre o jogo, que foi parelho, extraio o que mais me agradou: a atuação de Matheus Henrique. Se havia alguma dúvida sobre a capacidade desse jogador, ela se dissipou completamente. Descortina-se ali mais uma pedra preciosa. Merece ser titular já partir do próximo jogo da Libertadores.
Outro resultado do clássico: Leonardo. Ele desabrochou no Gre-Nal, dentro da minha ótica (estou em dia com meu oftalmo). A jogada do seu gol foi por ele construída dentro do padrão de um jogador que admiro muito, o Léo Moura.
Por segundos, ele foi o Léo Moura com força, arranque, técnica e inteligência. Como uma peça se movimentando no tabuleiro de xadrez, ele desenhou a jogada, adivinhando que ela terminaria na cara do goleiro.
Tocou para Montoya (que ainda está devendo), que escorou para Leonardo, que passou para André, que está mostrando ser bom de assistência. Leonardo recebeu na frente e chutou na saída do goleiro.
Foi uma vitória justa pelo que o time reserva fez no primeiro tempo. Frustrante foi não aproveitar que o adversário ficou com um jogador a menos durante quase uma hora para aumentar a vantagem. O Inter até foi superior no segundo tempo.
A expulsão de Nonato prejudicou o time colorado, claro, mas foi corretíssima. Ele fez uma falta forte sobre MH (já era para ser expulso ali), e no minuto seguinte puxou MH. Como tinha um amarelo anterior, foi para o vestiário mais cedo.
O curioso é que os dois jogaram juntos no São Caetano. Nonato é considerado uma peça de ouro no Beira-Rio. Pelo que vi no clássico, está mais para pirita, pedra conhecida como ouro de tolo.
RENATO
Mesmo aqueles que não gostam do Renato – lotam uma kombi apenas, mas são atuantes -devem ter gostado de sua resposta ao narrador Pedro Ernesto, que foi fazer gracinha sobre a virose que acometeu profissionais do clube.
PE retrucou escrevendo que era uma brincadeira e que torcia por Renato na Libertadores. Uma alfineta que por certo será respondida em algum momento pelo técnico gremista.