Mesmo jogando em sua casa, com apoio de sua torcida, o Inter jogou por um golzinho de cabeça, bola longa ou algum lance individual. A postura colorada foi um reconhecimento a melhor qualidade técnica do Grêmio.
Se foi assim no Beira-Rio, imagino como não será na quarta-feira, na Arena lotada de gremistas. Um retrancão daqueles.
O que preocupa é que apesar de sua superioridade, envolvendo o adversário enquanto MAICON esteve em campo – o time caiu quando o capitão teve de sair por desgaste físico, como vem ocorrendo, e não fosse PAULO VICTOR poderia até ter perdido um jogo em que foi soberano tecnicamente.
PV teve uma atuação de provocar inveja no ídolo Marcelo Grohe. As dúvidas que eu tinha a respeito desse goleiro foram desfeitas. Ele fez pelo menos duas defesas excepcionais. Sei, muita gente ainda olha para ele com desconfiança. Natural, goleiro custam a conquistar os torcedores. Grohe, acredite, não deixou saudade para uns e outros.
Resumindo o jogo: o Inter com seu futebol pragmático esteve mais perto da vitória. Seu goleiro foi pouco exigido, diferente de PV.
Renato terá de armar um esquema para evitar que isso se repita. É legal armar um time ofensivo, mesmo fora de casa, com apenas dois volantes realmente de marcação, mas isso tem um preço. Eu diria que Renato teve mais sorte que juízo.
No finalzinho, ele ainda colocou Pepê no lugar de André, quando poderia ter colocado Thaciano, que marca mais e ainda ataca. Era o momento em que o Inter pressionava. O empate em casa não lhe servia.
O Grêmio dominando, atacando, e daqui a pouco uma bola alta na área e gol de Guerrero. É assim que os times tática e tecnicamente inferiores conseguem vencer os mais fortes. Portanto, é preciso ter alguns resguardos a mais.
Jogando na Arena é diferente. Aí já concordo com a escalação digamos mais ofensiva, como a deste domingo.
Só espero que André, de boa participação, mas de novo sem uma conclusão a gol, saiba aproveitar as raras chances que um clássico proporciona.
Tem um lance emblemático no começo do jogo. Bruno Cortez foi ao fundo e cruzou rasante e forte, a bola cruzou a pequena área e não apareceu o pé providencial de um matador, no caso, o sr André.
Cortez é um caso à parte. Muito criticado por mais uma vez errar cruzamentos – esse citado aí ele acertou, na minha opinião. Renato chamou a atenção dele na parada dos 20 minutos. Não adiantou, ele realmente cruza com deficiência.
Agora, nem tudo é branco ou preto, pode ser cinza. Na jogada do Patrick, aquela rente à linha de fundo, a bola foi tocada para a área, onde aparecia Guerrero para concluir. Não fosse a presença de Cortez na jogada, na risca da pequena área, seria gol, porque o peruano não conseguiu chutar com tranquilidade.
Alguém já disse que se Cortêz ainda fosse bom de cruzamentos estaria na Europa. Ele precisa treinar forte esse fundamento, porque o Grêmio nesse esquema precisa muito do apoio qualificado dos laterais.
No mais, a dupla de área foi impecável. Guerrero passou em branco, para frustração da mídia vermelha, que trata esse jogador como um semideus.
Leonardo foi discreto, mas eficiente. No meio, Maicon e, principalmente, Matheus Henrique, jogaram muito. Pena que Maicon não tenha mais vigor para suportar 90 minutos.
Outro destaque do jogo, Jean Pyerre sentiu no começo, mas logo ficou à vontade para exibir sua categoria.
Fico imaginando JP e MH jogando com Luan na do André. Renato disse que Luan ficaria fora por ‘dois ou três jogos”. Bem, o Gre-Nal será o quarto jogo. Quem sabe? No mínimo, Luan no banco para dar um pavor do rival.
Na frente, gostei do Alisson. Não foi brilhante, mas teve boa participação na frente e também no combate, na marcação. Tem ainda o Éverton, que infernizou a vida do Zeca e de todos os que tentaram tirar a bola dele. Faltou melhor acabamento em duas ou três jogadas.
Mas está claro que o título do Gauchão passa pelo talento de Éverton. O atacante mais perigoso do futebol brasileiro hoje.
Arbitragem:
se Vuaden estivesse mal intencionado, poderia ter aproveitado alguns lances para beneficiar o Inter. Como no lance do VAR, que Vuaden assistiu e manteve, acertadamente, a decisão de amarelar André, quando um pessoalzinho aí queria a expulsão.
Só acho que Vuaden deveria ter aplicado o amarelo numa entrada violenta por trás em Alisson, um lance que provocou forte reação do Renato e gerou algum tumulto, bem controlado pelo juiz. Eu temia a arbitragem. Devo admitir que ele foi bem no atacado, errando aqui e ali, para os dois lados.
Quarta-feira é a vez de Jean Pierre. Vamos ver.