O Grêmio é mesmo muito grande. E ficou ainda maior nos últimos anos com a conquista de títulos e, de quebra, jogando um futebol como nunca antes (lembrei de alguém agora) havia se visto no país.
O Grêmio ganhou a admiração, conquistou respeito e, claro, no rastro de energias positivas veio a inveja, companheira dos menores, dos medíocres, daqueles que só conseguem ser felizes em cima da desgraça alheia.
O sucesso do Grêmio machucou e ainda machuca. Gerou ódio em alguns, e não exagero. E isso gerou, entre os pobres de espírito, uma necessidade de vingança, de retaliação.
Quem acompanha com alguma atenção os programas esportivos de rádio e TV, e lê as coberturas dos jornais, percebe que parte dos protagonistas não perde uma chance de agredir o Grêmio com chacotas e trocadilhos infames, como esse que aproveitou o ‘deu mole’ de Renato para fazer uma provocação digna de conversa de botequim.
Agora, mais grave que essa brincadeira muito comum no jornal Olé, da Argentina, mas inaceitável numa imprensa séria e neutra, é essa decisão de denunciar o Grêmio por injúria racial no jogo contra o Fluminense.
Minha capacidade auditiva deve estar muito ruim mesmo, porque não consegui ouvir o termo ‘macaco’, que teria sido proferido por algum torcedor gremista irresponsável. Naquele jogo contra o Santos, a ofensa foi nítida. Não havia o que discutir. A punição aplicada, sim, é que ultrapassou o bom senso.
Mas aí eu volto: o Grêmio provoca muita inveja, muita raiva, deixa muita gente despeitada, principalmente aqui na aldeia, onde mesmo nos melhores momentos do time sempre havia alguém para garimpar algum aspecto negativo como contraponto.
Incidentes semelhantes de injúria racial acontecem em outros estádios, inclusive num muito próximo, e nenhum caso sequer foi denunciado. Ah, mas se envolve o Grêmio é diferente.
O Grêmio foi denunciado pelo artigo abaixo:
“Art. 243-G. Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
O artigo, como se constata, contempla também ofensas de cunho sexual. Não está na hora de começar a denunciar, e punir, gritos, por exemplo, de ‘viado’, tão comuns nos estádios?
Mas o que realmente importa é que o Grêmio é muito grande, uma grandeza que poucos clubes no mundo tem.
Por isso, como dizia Mário Quintana, com quem durante alguns meses dividi uma Remington na redação do velho Correio do Povo, “eles passarão, eu passarinho”.
Vamos passar por cima de tudo isso.