Quando Éverton pegou a bola pela esquerda e começou a enveredar para o meio, traçando uma diagonal manjada para nós e desconhecida dos bolivianos, eu preparei o grito de gol. Não deu outra, e foi um golaço.
Quando sugeri ao técnico Tite, aqui neste espaço e de forma inédita no país, a convocação de Éverton para disputar o Mundial, era exatamente nesse tipo de jogada que eu pensava.
Alguém para quebrar a rotina de um time Neymar-dependente é o que eu pregava. Alguém para entrar como arma secreta, elemento surpresa na monotonia em que se transformou a seleção nos últimos anos.
Agora, uma revelação: no início do segundo tempo de um jogo que assisti entre um bocejo e uma olhada no celular, pensei que Tite deveria colocar logo o Éverton no lugar de Neres, e mentalizei que Éverton entraria, faria essa mesma jogada tão conhecida de todos nós, e mandaria um torpedo para a bola alojar-se no canto esquerdo.
Acertei em cheio na minha premonição.
Amanhã, vou arriscar na megasena (por mais que eu suspeite que há falcatrua nesses sorteios de prêmio acumulado). Bem, uma coisa é certa: o passe de Éverton subiu alguns milhões de euros. Talvez já chegue aos 50 milhões de euros.
Fora esse golaço do nosso cebolinha, gostei muito desse centroavante, o Richarlison. Foi dele o passe para o segundo gol. É um atacante completo, com inúmeras qualidades.
No mais, foi um jogo chato porque a Bolívia só se defendia, não tinha uma jogada de contra-ataque e dependia do Moreno isolado na frente. Moreno que quando jogou no Grêmio já me parecia lento e arrastado.
O Brasil jogou muito melhor e venceu por 3 a 0 ao natural. Sequer foi um bom teste para avaliar o time armado pelo Tite, num esquema temerário contra adversários mais fortes: praticamente um 4-2-4, variando para um 4-3-3, aí puxando para um losango invertido (brincadeira).