Grêmio joga uma bolinha de sagu, mas soma três pontos

Para não fugir tão abruptamente do assunto do comentário anterior, digo que o Grêmio jogou uma bolinha de sagu, nesta noite, em Caxias. Mas o que importa para quem flerta com o rebaixamento, pega na mão e troca beijinhos, é vencer, fazer três pontos.

Não adianta ter maior posse de bola e disparado um maior número de escanteios, que, conforme destacou o narrador lá pelas tantas, estava 7 a 1 para o Grêmio.

O Grêmio venceu por 1 a 0 e já respira mais aliviado. Precisa agora derrotar o Botafogo no Rio, uma parada mais indigesta. Se repetir a atuação deste sábado dificilmente irá ganhar.

O futebol é sempre cheio de lições e ironias. Lição: nunca sacar do time um jogador com a qualidade de passe e de lançamentos mortíferos, caso do Jean Pierre, a não ser por justa causa, uma causa muito justa.

Em jogos recentes, JP tem sido substituído, até porque havia caído de rendimento. O jogo no Centenário provou que na dúvida mantenha-se em campo o JP dos passes milimétricos e quase impossíveis, como foi o que resultou no gol de Pepê.

Ironia: Pepê entrou ali pelos 15 minutos. E só errou. Não lembro de uma jogada protagonizada por ele, em tese o sucessor de Éverton na função de abrir defesa. Mas foi esforçado, lutou bravamente, e acabou recompensado com o lançamento de JP, marcando, assim, o gol da vitória. Bendita vitória.

No mais, aos que criticam Maicon, mais uma vez ele teve atuação exemplar. O comentarista Paulo Nunes encheu a bola do capitão tricolor. E olha que a meu ver ele esteve abaixo de jogos anteriores.

Sobre o Patrick. Eu fico perplexo com gente que critica esse guri e sua escalação. Ele surgiu muito bem dois ou três anos atrás. Muita gente detonou o técnico Renato por tê-lo afastado do grupo principal – os motivos dessa decisão não interessam no momento. Patrick, depois do banho de humildade, está de volta, e que bom que isso. Entrou no decorrer de dois jogos.

Está sendo avaliado por Renato, que leva pau quando dá oportunidade aos jovens, e leva pau quando opta por cascudos. Por falar nisso, como está o Rômulo, que para alguns é ‘bruxinho’ do Renato?

Por fim, Alex Moura por detalhe não teve o tornozelo quebrado. Justa a expulsão, que ocorreu somente após intervenção do VAR. De novo, o comentarista de arbitragem da TV, aquele que palestrou para o time colorado antes do Brasileiro, deu opinião desfavorável ao Grêmio ao afirmar que o lance era apenas para amarelo.

No ano que vem o Grêmio já sabe quem deve chamar para palestrar sobre arbitragem. Ou não sabe?

Pra não dizer que não falei de sagu

O texto abaixo foi publicado há alguns anos aqui no blog. Em sua coluna na Zero Hora, edição desta sexta-feira, o colunista mais lido do Estado faz considerações sobre o artigo e também sobre minha pessoa, o que muito me orgulha e emociona.

Confira: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/david-coimbra/noticia/2019/06/o-sagu-perfeito-cjwl7dras03p401oi2e7md2k2.html

Aqui o texto publicado há mais de seis anos e que já correu o mundo:

A arte de saborear e identificar um bom sagu

É preciso uma certa técnica em tudo na vida. É preciso arte, um tanto de requinte até para as coisas mais prosaicas, mais simples.

Até para comer sagu é necessário, fundamental, uma certa sutileza, apreço a detalhes que normalmente dispenso para qualquer outro tipo de alimento, salgado ou doce.

É que o sagu é a minha sobremesa preferida. Cheguei a essa conclusão depois de meio século de vida. Passei por outras preferências. Arroz de leite e pudim de leite condensado são dois exemplos. Já estiveram no topo. Hoje, é o sagu. Com creme de baunilha, claro.

O creme precisa ser… cremoso. Nem muito consistente, nem muito líquido.

O problema é que o sagu virou uma obsessão. Entro no restaurante e vou direto ver se tem sagu. Quase todos o tem. A maioria, porém, é desprezível.

Só pela cor já percebo que o sagu é ruim.

O sagu bom tem cor escura, cor de vinho tinto, forte. Aquele de garrafão. Já vi até sagu de refresco de uva. Um acinte, uma agressão.  

Depois de avaliar a cor, analiso a consistência. A parte líquida deve ser cremosa e as bolinhas firmes, mas macias, e não muito grandes. O sagu deve, obrigatoriamente, exalar um aroma de vinho tinto, com notas sutis de canela e cravo. Caso contrário, me afasto.

Um sagu bom é também sinalizador de um bufê de sobremesa de qualidade, o que é válido inclusive para o bufê de saladas e de pratos quentes.

Quem fizer o teste verá que tenho razão. Sagu bom é sinal de refeição saborosa.

Para saborear devidamente essa iguaria que passou no teste visual e de olfato, é preciso saber servir-se de modo adequado.

Eu ensino: pegue a taça, de preferência aquela de metal (normalmente meio amassadinha), coloque sagu até quase em cima. Depois, duas colheres de creme bem no meio. Eu costumo afastar aquela película mais sólida que se forma na superfície do creme. Se não der, vai assim mesmo.

Agora vem o momento especial, o ápice, é como o atacante na cara do gol. É preciso jeitinho, uma técnica apurada para degustar o manjar que está à frente, indefeso como um goleiro diante do goleador. Nesse momento eu sou o goleador, o matador.

É imperdoável misturar o sagu com o creme.

Mergulhe a colher no sagu e depois no creme, nesta ordem. Mas ambos ficam na mesma taça. O creme, valoroso coadjuvante, não pode ocupar mais do que 30% da colher. Eu costumo ficar nos 20, 25 por cento.

Bem, aí chegou a hora de avaliar o sabor. Normalmente, seguindo os passos referidos, não haverá decepção.

Se tudo der certo, é só mandar ver e ir pra galera.

DICA

O melhor sagu de Porto Alegre – pode haver igual, mas não superior – encontra-se no restaurante Romana Becker, preparado pelo meu amigo Astor, que recebe todos de braços abertos, sempre com um sorriso no rosto.

Vale a pena conferir. Endereço: Marcelo Gama esquina Américo Vespúcio. Restaurante familiar, com uns 50 anos de existência. Mais detalhes no google.

Erros do Grêmio agitam os urubulinos e lotam a kombi

Se eu fosse mais paranoico do que já sou diria que o Grêmio errou tanto nos últimos tempos apenas com um objetivo: matar a esperança do tricampeonato no Brasileirão.

Claro que minha paranoia não chega a tanto – ou estou me subestimando? -, mas o fato é que o Brasileirão para a torcida gremista só não acabou porque o fantasma do rebaixamento sempre ronda os mais distraídos.

Aquilo que o torcedor mais queria, o título do campeonato/maratona – que para muitos deveria ser prioridade na temporada – foi adiado outra vez. E pelo jeito para o dia de São Nunca.

Essa frustração, somada a atuações instáveis do time e decisões inquietantes da direção e do técnico Renato Portaluppi, como essa folga no meio do ano, entre outras, irrita o torcedor mais pacato e menos crítico.

Temos então que o mesmo grupo que alçou o clube a títulos importantes em três anos acumula equívocos inexplicáveis, inaceitáveis.

Um exemplo singelo: insistir com Michel como zagueiro, mesmo tendo um zagueiro de ofício na base. O resultado foi a perda de pontos preciosos, que hoje colocam o time numa situação constrangedora e que mais adiante podem fazer ainda mais falta.

Assim, o gremista que andava com um sorriso de orelha à orelha até pouco tempo, hoje sofre com a corneta vermelha e ainda tem de conviver com gremistas raivosos, que não vacilam um segundo para dar pau no presidente Romildo Bolzan e no técnico Renato.

Esses gremistas conseguem irritar mais que os colorados, em festa sem ter ganho título algum, nem de peteca.

Esses gremistas são os urubulinos, sempre muito presentes nas redes sociais quando o time vai mal, e mais discretos e comedidos quando a fase é de vitórias, como essas que virão em breve.

Os urubulinos, apelido carinhoso desse grupo, pequeno mas barulhento, não são muitos. Mal conseguem lotar um fusca, como aconteceu quando o time conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores, mas hoje, com a fase ruim, lotam uma kombi, da frota do Expresso Urubulino.

PASSAGEIROS DA KOMBI

Leandro Souza (motorista), Wilson Santos, Ancião, J.Carlos, Juninho Street, Antônio R., Henrique Martins, Jairo e Tiozaum.

Pedro de Lara, se reaparecer, vai atrás, sobre o motor.

Grêmio perde e se complica mais um pouco

Mesmo sem titulares importantes como Maicon, MH, Éverton e Kannemann, o Grêmio jogou um primeiro tempo como se estivesse em sua casa, não na casa do inimigo.

O Grêmio foi superior, teve duas chances claras de gol. Era para ter ido para o vestiário pelo menos com 1 a 0.

Agora, imperdoável o gol perdido por Montoya, que tem fã-clube aqui no blog, mas que até agora não justificou o investimento nele feito.

Ah, porque ele joga pela direita. E se jogasse pelo meio (aliás, foi pelo meio que ele perdeu um gol que até o André faria), ou pela esquerda? Faria diferença? É um jogador mediano, que se encontra na segunda divisão com facilidade e por preço baixo. Nem a tal garra argentina ele mostra.

No segundo tempo, o Bahia melhorou, até porque precisava atacar mais.

O Grêmio fez o possível com as peças disponíveis, de qualidade bastante inferior a dos quatro titulares citados. E o Bahia tem um time bem armado pelo Roger.

Mas isso não aparece na tabela. Não interessa se jogou bem ou mal, se a vitória não aparece.

A situação no Brasileirão está começando a ficar crítica.