O futebol mudou muito nos últimos anos. Algumas coisas para melhor, outras para pior. No meu tempo de repórter esportivo, era possível conversar com os jogadores e o treinador à beira do campo após os treinos. Longas conversas, entrevistas exclusivas. Hoje, tudo termina na entrevista coletiva, não mais do que duas ou três por semana.
Ficou dura a vida de repórter. Ainda bem que não precisei passar por isso.
Se a vida do repórter complicou, a do dirigente de futebol ficou mais tranquila. Tempos atrás, a segunda cabeça a rolar era a dele em caso de algum fiasco ou simplesmente insucesso no campeonato regional, então muito mais valorizado e importante. Claro, o primeiro a cair era o treinador.
E isso continua assim como se constata seguidamente, mesmo que o técnico tenha feito um trabalho correto. Para manter sua cabeça sobre os ombros, o dirigente de futebol cede facilmente ao apelo popular e dos invictos, como definiu o argentino César Menotti, referindo-se aos cronistas esportivos. Hoje, ele diria o mesmo sobre o pessoal das redes sociais, ruidoso, inconsequente e incoerente, de modo geral.
Então, nos velhos tempos, nem tão velhos assim, dificilmente um dirigente seria mantido no cargo se o seu time sucumbisse de maneira estrondosa, com repercussão mundial, abalando a imagem do clube. Foi o que aconteceu quarta-feira, no Maracanã.
Li e ouvi torcedores se manifestando, pedindo a cabeça do vice de futebol Duda Kroef, um sujeito simpático, cordial e muito bem educado, mas que não conquistou a confiança da torcida, e não é de hoje.
O presidente Romildo Bolzan jamais atenderia esse pedido/apelo. Seria o mesmo que apontar o culpado pela eliminação na Libertadores, competição na qual a direção do clube depositou todas as suas fichas, inclusive abrindo mão da disputa do título do Brasileiro.
A outra saída seria fazer o de sempre: demitir o treinador. Mas Renato não é apenas um treinador, é uma estátua, é um líder. Então, quem deveria cair?
O titular do futebol, o vice de futebol Duda Kroef. Para evitar maiores constrangimentos, num gesto de grandeza, amor ao clube e desapego ao cargo, cabe ao dirigente pedir seu afastamento do futebol, mesmo que a responsabilidade pelo que aconteceu não seja toda sua.
O torcedor merece uma resposta à altura do vexame, não apenas explicações que nada explicam.