Nos meus tempos de repórter esportivo pelo Correio do Povo e TV Difusora/Bandeirantes (hoje conhecida como Band), tinha por hábito observar os treinos das categorias de base. Conversava muito com o grande radialista Glênio Reis, outro que gostava de ‘descobrir’ talentos e apontar aqueles que teriam mais chance de sucesso. Acertei alguns, errei outro tanto.
Foi ele, o saudoso Glênio, quem me mostrou Assis, então com uns 14 ou 15 anos, arrebentando no time juvenil, que na época empilhava goleadas. Assis, que era meia atacante, fazia 80% dos gols. Era um fenômeno. No time principal não correspondeu ao que prometia, mas teve uma carreira sólida.
São muitos os exemplos de guris que arrebentam na base e depois não confirmam. Por isso, tenho muito cuidado ao avaliar os jovens que buscam seu espaço no futebol, sabendo que eles estão num funil de onde uns poucos terão uma carreira exitosa.
Foi pensando nisso que assisti a uma parte do Gre-Nal pelo campeonato brasileiro de aspirantes, ontem, no Beira-Rio. Empate por 0 a 0, injusto para o Grêmio, que foi superior a maior parte do tempo.
Antes de falar sobre individualidades, quero destacar o que mais chamou minha atenção no clássico: o time da gurizada gremista tenta repetir o futebol da equipe principal. A gente vê que o time raramente dá chutões e lançamentos longos, optando por tocar a bola e envolver o adversário. É um time com a cara do Renato, com a mão do Renato.
Sinal de que existe um planejamento que vem da base e culmina nos profissionais. Não sei se nas demais categorias, com uma gurizada mais nova, existe igual preocupação. Imagino que sim. Espero que sim.
Essa verticalização na forma de jogar contribui muito para que o guri que se destaca na base se adapte à equipe de cima com mais facilidade, uma mão na roda para o Setor de Lapidação comandado pelo Midas Renato, sempre elogiado por Matheus Henrique e Arthur, que, em entrevistas, se mostram gratos ao mestre pelos ensinamentos recebidos.
Bem, agora vou falar apenas sobre os jovens que chamaram minha atenção. Assisti apenas ao primeiro tempo, no qual o Grêmio foi superior. Da Silva sofreu pênalti, que ele mesmo bateu. Numa verticalização que no caso eu abro mão, Da Silva consagrou o goleiro Keiller, a exemplo do que costumam fazer os titulares. Keiller foi o nome do jogo pelo Inter, salvando o time de uma derrota dentro de sua própria casa.
Gostei dos seguintes jogadores: o lateral Felipe, o zagueiro Rodrigues, o lateral Varela, o volante Darlan, e os meia/atacantes Guilherme Azevedo, Jhonata Robert e Léo Chu.
Tinha muito interesse em ver Bobsin, que entrou no segundo tempo e foi bem. Ele mostrou falta de ritmo pelo tempo que ficou parado.
Os mais promissores por essa minúscula amostragem, tirando Darlan (maestro do time) e Rodrigues, já aprovados na equipe de cima:
Guilherme Azevedo e Jhonata Robert. O primeiro lembrou o Éverton, driblador e atrevido.
VAR E COMOÇÃO RED
É impressionante o que a mídia gaúcha amplifica cada suposto erro da arbitragem/VAR contra o Inter. O foco nos últimos dias tem sido o pênalti marcado a favor do Cruzeiro, a partir do VAR. Foi pênalti. Patrick chuta por trás o pé de apoio do jogador do Cruzeiro. Um lance muito nítido, mas ainda assim a turma vermelha insiste que a arbitragem errou.
É claro que essa insistência tem um objetivo: posar de vítima para voltar a ser o queridinho das arbitragens no Brasileirão.
A direção colorada está certa, mas a imprensa deveria ao menos ser mais comedida, assim como foi quando o Grêmio restou eliminado da final da Copa do Brasil por um erro absurdamente claro da arbitragem, sem que houvesse tamanha comoção da mídia gaudéria.