O presidente, em reunião com seu colegiado, na semana passada, anunciou que estava fazendo o desligamento de um dos principais integrantes da equipe, mesmo contrariando a vontade do Treinador.
Era um processo de fritura que já vinha há meses. Todos sabiam que mais cedo ou mais tarde aconteceria o desfecho agora anunciado. Era inevitável.
Na linguagem do futebol, o profissional a ser afastado era ‘bruxinho’ do Treinador. Os integrantes do alto escalão tentaram dissuadir o presidente, mas sabiam que ele estava determinado a concretizar sua decisão a qualquer custo.
Ao ser informado que seu braço direito, homem de sua total confiança, seria afastado, o Treinador decidiu que abandonaria o trabalho em andamento. Convocou a mídia e anunciou sua saída, aproveitando para atacar o presidente, com quem aparentemente mantinha boa relação.
O presidente, em entrevista coletiva, alegou que o Treinador estava sendo negligente diante de uma série de situações. Exigia que seu subordinado cobrasse do capitão do time medidas mais fortes diante de alguns fatos ocorridos durante a quarentena causada pelo coronavírus, somando-se a problemas da temporada do ano passado.
Na verdade, o presidente, a exemplo de outros que o antecederam, queria ter acesso ao vestiário, insatisfeito com o rumo do trabalho comandado pelo treinador, que, por sua vez, firmou posição contrária.
O Treinador estava fechado com o grupo que o acompanhou numa campanha exitosa e que acabou resultando em sua nomeação como treinador de seleção, atendendo clamor popular. A população via nele uma espécie de salvador da pátria, por sua coragem, competência e postura ética.
Essas qualidades não foram suficientes para mantê-lo na linha de frente da seleção verde-amarela. Faltou-lhe, talvez, mais humildade e tolerância, e sobrou-lhe, sem dúvida, vaidade.
Entre mortos e feridos, quem perde somos todos nós, torcedores e secadores. Mesmo assim, tem gente esfregando as mãos e festejando.