O manjado golpe do telefone

Fugindo do assunto principal deste espaço, segue abaixo texto publicado no Informe Especial do Jornal do Comércio:

Levei um susto quando atendi o telefone fixo de casa, esta semana, em Porto Alegre. Na verdade dois sustos. O primeiro porque a voz do outro lado, uma voz feminina, chorosa, manifestava desespero, pânico.

– Pai, fui assaltada, pai. Eles querem dinheiro, pai.

O segundo susto, ou surpresa, foi descobrir que ainda tem gente aplicando esse golpe, mais manjado que o conto do bilhete – será que ainda é aplicado e tem gente que ainda cai nele?…

Depois de longo tempo estava diante de novo dessa trapaça anacrônica, obsoleta, mas que, pelo jeito, permanece, até porque se a pirâmide também ainda existe e segue lucrativa, por que não o golpe do telefonema ameaçador?

Ao ouvir a voz falsamente desesperada, senti vontade de brincar, como havia feito em outras situações parecidas. Não sei se é efeito da quarentena, o fato é que ando sem paciência. Respondi secamente:

– Vou chamar a polícia.

Ela desligou de pronto.

Uma dica a quem receber esse tipo de ligação: se a suposta vítima for um “filho” diga um nome bem diferente para afastar qualquer dúvida sobre a veracidade da ameaça.

Foi o que fiz na minha primeira vez, uns 15 anos atrás: atendi o telefone e veio uma voz que lembrava a da minha filha. Cheguei a vacilar, pensando que poderia mesmo ser verdadeira a ameaça. Deu um frio na barriga. Mas não me entreguei:

– Marisa (foi o nome que me ocorreu na hora), onde tu estás minha filha?

Aí a minha ‘filha’ insistiu, eu desliguei, aliviado, dizendo “perdeu”.

A segunda situação foi um sujeito com forte sotaque nordestino se fazendo passar por meu filho, pedindo 50 mil reais.

Nem respondi.

https://www.espacovital.com.br/publicacao-38036-ameaca-pelo-telefone-e-outros-golpes

Política pés no chão e mata-mata no Brasileirão

Estamos na metade do ano e nada de definições sobre as competições. Se eu não perdi alguma coisa, não sabemos como será o Gauchão, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.

Eu, aqui na minha prisão domiciliar, ando mais preocupado em sobreviver do que com as coisas do futebol. Por isso, ando meio ausente deste espaço.

Mas sinto-me motivado a fazer uma pausa em meu recolhimento existencial a partir de um tema que apareceu numa entrevista de rádio do vice de futebol, Paulo Luz, que se mostrou muito bem preparado para o cargo.

Aprovei quando ele falou sobre os objetivos do clube à esta altura, em meio a quarentena e incógnitas.

Ao ser questionado sobre títulos, qual seria a ambição do Grêmio, ele foi muito claro e transparente. Disse mais ou menos o seguinte:

-O Grêmio vai jogar para vencer as competições que tiver pela frente. Temos grupo para isso. Mas hoje eu diria que nosso maior título seria chegar ao final do ano com as contas em dia, finanças equilibradas para entrar em 2021 com o clube bem financeiramente.

Quer dizer, o Grêmio vai em busca de títulos, mas sempre com os pés no chão, como tem sido até agora.

Sobre as competições, acho que dá para seguir com o Gauchão – se a situação não se agravar – e o Brasileiro. Por mim, tirava a CB do calendário, até porque duvido que haverá premiação milionária neste ano.

A CBF, a meu ver, deveria focar no Brasileiro – e o Grêmio idem depois de tanto tempo.

Eu aproveitaria e mudaria a fórmula da competição. De preferência, com disputa de mata-mata, tornando o campeonato mais emocionante, até para compensar o marasmo causado pela quarentena.