Fugindo do assunto principal deste espaço, segue abaixo texto publicado no Informe Especial do Jornal do Comércio:
Levei um susto quando atendi o telefone fixo de casa, esta semana, em Porto Alegre. Na verdade dois sustos. O primeiro porque a voz do outro lado, uma voz feminina, chorosa, manifestava desespero, pânico.
– Pai, fui assaltada, pai. Eles querem dinheiro, pai.
O segundo susto, ou surpresa, foi descobrir que ainda tem gente aplicando esse golpe, mais manjado que o conto do bilhete – será que ainda é aplicado e tem gente que ainda cai nele?…
Depois de longo tempo estava diante de novo dessa trapaça anacrônica, obsoleta, mas que, pelo jeito, permanece, até porque se a pirâmide também ainda existe e segue lucrativa, por que não o golpe do telefonema ameaçador?
Ao ouvir a voz falsamente desesperada, senti vontade de brincar, como havia feito em outras situações parecidas. Não sei se é efeito da quarentena, o fato é que ando sem paciência. Respondi secamente:
– Vou chamar a polícia.
Ela desligou de pronto.
Uma dica a quem receber esse tipo de ligação: se a suposta vítima for um “filho” diga um nome bem diferente para afastar qualquer dúvida sobre a veracidade da ameaça.
Foi o que fiz na minha primeira vez, uns 15 anos atrás: atendi o telefone e veio uma voz que lembrava a da minha filha. Cheguei a vacilar, pensando que poderia mesmo ser verdadeira a ameaça. Deu um frio na barriga. Mas não me entreguei:
– Marisa (foi o nome que me ocorreu na hora), onde tu estás minha filha?
Aí a minha ‘filha’ insistiu, eu desliguei, aliviado, dizendo “perdeu”.
A segunda situação foi um sujeito com forte sotaque nordestino se fazendo passar por meu filho, pedindo 50 mil reais.
Nem respondi.