Depois de um primeiro tempo em que jogou pensando em que momento Éverton faria uma de suas jogadas para decidir o jogo, o Grêmio voltou para os 45 minutos finais convencido de que Éverton agora é saudade e que o time teria de fazer por si sem ele. O gol saiu minutos antes do intervalo, mas o futebol voltou mesmo apenas no segundo tempo.
Penso que o técnico Renato Portaluppi “lembrou” seus jogadores que não havia mais Éverton para desequilibrar na frente. O fato é que o Grêmio voltou mais determinado e até mais leve e criativo. As jogadas começaram a fluir para que Pepê e Diego Souza ficassem mais à vontade para criar situações que levaram perigo ao ferrolho instalado pelo técnico Odair Hellmann diante de sua área. O goleiro Muriel fez ao menos uma grande defesa, num arremate de Pepê, depois de livrar-se da forte marcação que lhe era imposta, mostrando que o adversário temia seus dribles, suas arrancadas e suas conclusões.
Pepê dificilmente será igual ou superior ao titular que partiu e deixou muitos gremistas desconsolados, entre eles eu. Mas está claro também que com mais confiança, com seus próprios companheiros acreditando mais nele, a exemplo do que aconteceu no segundo tempo, Pepê pode dar muitas alegrias e, quem sabe, alguns títulos.
A vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense aumenta a confiança do grupo para os próximos jogos (quarta-feira tem Ceará, no Castelão). O time realmente sentiu a falta de dois de seus maiores talentos, Jean Pierre e Matheus Henrique, mas Renato soube atenuar essas ausências melhorando o posicionamento do time depois do intervalo.
Contou para isso com o gol de Diego Souza, concluindo jogada que teve passe final de Isaque. Eram 43 minutos. O time foi para o vestiário mais tranquilo. Já o Fluminense voltou preocupado em desmanchar a vantagem, mas encontrou um Grêmio seguro, posicionado para contra-atacar.
O ex-técnico colorado seu uma mãozinha para seu algoz, o Renato, ao mandar a campo, logo no início do segundo tempo, o veterano aipim Fred, o que tornou tudo muito mais fácil.
Sobre as individualidades:
O goleiro Vanderlei foi bem, apesar de soquear a bola para a frente em duas situações; o lateral Orejuela repetiu a atuação anterior e se credencia a ser titular. A dupla Geromel/Kennemann de novo foi impecável; e Cortêz confirmou que merece a confiança do treinador.
Maicon e Lucas Silva fizeram uma dupla muito mais ou menos. Lucas marca e é combativo, mas Maicon precisa de alguém como MH para exibir todo seu talento. Pode ser que com alguma continuidade os dois se entrosem melhor; Alison intercalou bons e maus lances. Esforçado, vai continuar titular até que surja alguém comprovadamente superior – e esse alguém não será Thiago Neves como se viu de novo.
Isaque, que voltou a receber oportunidade, teve um primeiro tempo apático, correndo atrás da bola. No segundo, mostrou-se com mais personalidade, buscando o jogo e se apresentando. Por detalhe não fez seu gol. Na frente, Pepê só mostrou suas qualidades mesmo no segundo tempo. Já Diego Souza voltou a mostrar que com ele não tem ruim. É uma aposta de Renato que está dando resultado acima do esperado, talvez até pelo próprio treinador gremista.