O rádio esportivo gaúcho teve seu apogeu a partir dos anos 60, com o crescimento da Rádio Guaíba e sua programação diferenciada. Sob o comando do narrador Pedro Carneiro Pereira (morto num acidente no Autódromo de Tarumã), a emissora dominava o mercado regional e era respeitada e admirada pelos concorrentes do centro do país. Pouco restou daquela rádio.
Os nomes que contribuíram para o sucesso da Guaíba estão nos deixando. Recentemente, foi o narrador Milton Jung. Antes dele, Antônio Augusto, o ‘Plantão das Multidões’. Ambos profissionais importantes da equipe liderada por Pedro Pereira e depois por Armindo Antônio Ranzolin.
Nesta segunda, dia 10, foi a vez do repórter Edegar Schmidt. Ele foi também comentarista e apresentador, mas acho que ele gostava mesmo é de reportagem. Foi como repórter que ele se consagrou na Guaíba. Ele já era famoso quando o conheci em 1978, ano do meu ingresso na Folha da Tarde.
Ficamos mais próximos em janeiro de 1979, quando viajamos pela Caldas Júnior para cobrir a participação do Inter no Torneio de Mar del Plata, além de mais dois ou três amistosos na Argentina.
Devo ao Edegar um furo na ZH. Eu era novato, fui jogado às feras em meio ao processo de ‘lapidação’. Mais ou menos como no futebol: era período de férias e não havia ninguém experiente, só eu da ‘base’. Acreditaram em mim, e lá fui eu feliz da vida.
No meio da noite, o Edegar me procura. Eu acabara de mandar o material para o Correio do Povo, Folha da Tarde e Folha da Manhã. Era via telex, não essa barbadinha que é hoje. Sou jornalista raiz.
Ele perguntou se ainda daria para publicar uma informação importante. Eu respondi que sim, mas na realidade já era meio tarde. Demorei a conseguir contato por telefone com a redação da FT. Já eram umas 23h quando consegui passar a informação:
“O Batista está voltando a Porto Alegre. Sofreu uma lesão”, informei, acrescentando alguns detalhes.
Anos depois, convivi mais com ele ao participar de programas esportivos na rádio Guaíba. Sempre tive dúvida se ele era gremista ou colorado. Soube depois que ele era azul.
Infelizmente, ele não vivenciou esse momento glorioso do Grêmio. Só sei que ele faz falta como comentarista. Ele tinha umas frases instigantes, provocativas. Lembro de uma que ele usava quando via o juiz ‘roubar’:
‘Dá uma prato de leite pra esse gato’, algo assim.
Imagino o Edegar agora fazendo reportagem numa jornada esportiva. Milton Jung narrando em dobradinha com Pedro Carneiro. Antônio Augusto no plantão. Comentários do Vianey Carlet. Convidado especial: João Saldanha.