Quando se começa o jogo levando um gol daqueles improváveis, raros mesmo, de um time da zona de rebaixamento, eu não posso evitar. Um pensamento me aflige na hora: esse gol é prenúncio de uma noite de terror.
Não deu outra. O Grêmio jogou uma partida ruim – vou evitar adjetivos mais pesados – e conseguiu, com muito esforço, ser batido dentro de casa pelo Sport, por 2 a 1. O segundo gol foi de pênalti cometido por um jogador de armação, Jean Pierre. Aliás, o segundo pênalti por ele cometido em poucos dias, sinal que ele deve ficar longe da área defensiva.
Já se sabe que o Grêmio é Maicon-dependente. Mas agora, sem Éverton, para resolver as encrencas a dribles, ficou ainda mais nítido que o Grêmio sem Maicon é inconfiável.
Já vai longe o tempo em que eu ia para a Arena tranquilo, sabendo que veria uma grande atuação e provavelmente um resultado positivo. Poderia até perder ou empatar, o que é de futebol e a gente sabe o quanto a bola é caprichosa. Restava, de qualquer modo, a convicção de que no jogo seguinte a vitória viria junto de uma atuação de gala, que me deixava orgulhoso.
O que se viu na Arena nesta noite de 3 de setembro de 2020 é a confirmação de que entramos numa nova era. O técnico Renato Portaluppi, principal responsável por esse Grêmio que deixou este sobrevivente da década de 70 muito feliz, tem agora a missão de reorganizar o time.
Não será fácil, a mão de obra não é das melhores, e isso muito por responsabilidade do treinador – e também da diretoria, claro – avalista de algumas contratações que nada acrescentam, a não ser mais peso na folha de pagamento.
No segundo tempo, com Pepê e Jean Pierre, o Grêmio foi agudo, mais agressivo, mas só conseguiu descontar aos 31 do segundo tempo, um golaço de Pepê após lançamento de Robinho, que entrou bem no jogo. Cinco minutos antes o Sport havia feito 2 a 0.
Domingo, Maicon deve voltar, e com ele o bom futebol. Ainda acredito na capacidade de Renato, que desde 2017/2018 vem tentando manter uma equipe competitiva mesmo perdendo jogadores importantes ao longo do caminho. O último deles, Éverton, dos gols e das jogadas improváveis, fruto de muito talento.