Há mais ou menos um mês escrevi aqui que estava sendo prejudicial ao time o ‘casa-separa’ com Maicon. O entra e sai do capitão, na minha visão, estava sendo muito prejudicial, além de estar protelando uma decisão amarga, mas necessária: o início do processo de aposentadoria de um grande jogador, um jogador que chegou aqui meio desacreditado e que hoje está na história do clube.
A imagem que quero levar de Maicon é o futebol exuberante que ele mostrou nesses anos, e as broncas que ele comprou nos clássicos, se impondo na bola e no grito. Não quero ver o Maicon se arrastando, irritado consigo mesmo porque o corpo não mais acompanha a mente.
O Grêmio, hoje, deve ser pensado sem Maicon. Se ele puder voltar, será ótimo, mas em outras condições. Só joga se estiver clínica e fisicamente apto a manter uma sequência. Maicon, liderança de campo, pode ser uma liderança também fora de campo, o que será muito natural pela sua generosidade no trato com os jovens que surgem e que ele orienta e aconselha.
Maicon, já escrevi aqui algumas vezes, tem tudo para tornar-se um técnico de futebol assim que decidir mesmo pela aposentadoria.
Jogador de personalidade forte – vide o lance com Renato recentemente – assim como serve de referência positiva aos jovens talentos, chega um momento em que ele pode ser um fator de inibição a quem almeja um lugar no time principal.
A ‘lesão’ de Maicon chegou um boa hora. O time mostrou que pode sobreviver sem ele, que em setembro completou 35 anos.
Mas qual o melhor sistema para jogar sem Maicon, a meu ver o jogador que comandou dentro de campo o Grêmio 2016/2017? Não sei, o Renato é bem pago para buscar a resposta.
Mas o modelo e a estrutura podem ser os mesmos daquele time que encantou o país e que será lembrado como um dos melhores já formados no futebol brasileiro, tendo Renato Portaluppi como mentor, por mais que isso posa doer nos gremistas que não suportam o técnico tricolor.
“Que Grêmio é esse?”, perguntou o narrador Galvão Bueno, atônito diante de imagens de lances da equipe tricolor, que chegou a ser mais enaltecida e admirada no centro do país do que abaixo do Mampituba, pela inveja e despeito que provocou.
Pois esse Grêmio não volta mais. Faltam o coração e a alma do time. Faltam jogadores como Wallace, Luan, Douglas e o próprio Maicon, além do motorzinho Ramiro. Claro, falta Grohe, decisivo em muitos jogos.
Custou, mas parece que Renato se deu conta que chegou a hora de buscar novas soluções. Ele agora está empenhado em lapidar (não sei por que, mas gosto desta palavra…) um Grêmio que possa repetir não aquele futebol maravilhoso, o que seria demais, mas que conquiste títulos de maior expressão, até pra calar a boca dos corneteiros.
Queiram ou não, gostem ou não, o Grêmio está na briga por três títulos.
Para seguir com chances no Brasileirão, por exemplo, é importante que o time avance na tabela com uma vitória sobre o Ceará, time perigoso, que andou cometendo alguns ‘crimes’ por aí. O jogo será na Arena, 19 horas, deste sábado.
Espero que Renato possa armar um time misto quente. Fundamental que não invente de formar uma dupla de área sem Geromel. Não confio numa zaga constituída unicamente por reservas, sejam quais forem.