Jean Pyerre não deve ter tirado a sesta da tarde. Só isso explica sua sonolência no primeiro tempo do jogo contra o Guarani, no Defensores del Chaco, que realmente sem torcida perde um pouco sua alma e praticamente se transforma num amistoso parque de diversões.
Quando o meia gremista, o farol que clareia o jogo do Grêmio, acordou no intervalo e entrou em campo, a vitória passou a ser uma questão de tempo.
Foi dele o primeiro gol, concluindo com elegância uma jogada criada por Pepê, a partir de uma ligação direta de David Brás, de grande atuação. Pepê, talvez o melhor do time nesta noite em Assunção, invadiu a área pela esquerda e rolou pra trás, onde estava JP, que bateu com precisão no canto direito.
Eram 12 minutos do segundo tempo. Segundo antes o goleiro Vanderlei havia salvado o time defendendo uma conclusão à queima-roupa. Em seguida, Vanderlei, que parece incorporar Marcelo Grohe na Libertadores, fez outra defesa estupenda.
Nitidamente, o Grêmio deu espaço ao adversário e tratou de administrar a vantagem, mas sempre com boas alternativas de contra-ataque. O segundo gol foi do inquieto Pepê, que recebeu um lançamento de cabeça de Chorín, depois de um chutão do goleiro gremista.
Foi uma atuação segura de um time que sabe o que quer e o que fazer para atingir seu objetivo. Por mais que boa parte da torcida se incomode com o excesso de passes laterais, para trás e com pouco profundidade, o fato é que esse tipo de jogo tem funcionado.
No jogo desta quinta, quando o Grêmio encaminhou sua classificação na Libertadores (joga por empate na Arena e até por derrota de 1 a 0) o bom futebol só apareceu mesmo no segundo tempo.
Todos os jogadores foram relativamente bem. A defesa esteve firme, apesar de algumas dificuldades; o meio cumpriu bem sua missão e o ataque sim poderia ser mais efetivo.
Luiz Fernando fez duas belas jogadas, vencendo a drible a marcação, mas na hora de cruzar foi afoito, não olhou se vinha algum companheiro. No final, perdeu ótima chance após passe açucarado de JP. Penso que no próximo jogo Renato poderia lançar Ferreira, até para dar moral para o guri.
Com esse jogo, Renato iguala-se a Osvaldo Rolla, o lendário Foguinho, com 383 jogos no comando do time tricolor.