O Grêmio começou o jogo com apenas dois titulares indiscutíveis (JP e Vanderlei), o que até bem pouco tempo geraria protestos de gremistas nas redes sociais. Venceu por 2 a 0 – resultado que poderia ser mais elástico – e confirmou sua classificação às quartas de final, contra o Santos.
Se em temporadas recentes, o time reserva provocava calafrios e ranger de dentes, nesta é diferente. Por que? O grupo é mais qualificado, muito mais qualificado, tanto que tem vários reservas que poderiam ser titulares. Estão, portanto, à altura dos titulares.
Por exemplo, tem gente que considera Orejuela superior a Victor Ferraz. Eu penso o contrário. Gosto mais do Ferraz, jogador mais lúcido e inteligente. Orejuela é bom, tem estilo diferente, mas espero que o Grêmio não o contrate, que invista na base. É um jogador imprevisível, inconfiável defensivamente. Tem um lance emblemático: ele afasta a bola com o peito, lance de alto risco. A bola cai nos pés de um paraguaio que chuta e Vanderlei salva. Como confiar num jogador que faz esse tipo de coisa?
Mas ele pode ser eventualmente titular, até dependendo do adversário. Renato saberá quem escolher entre os dois para cada jogo. O mesmo na lateral esquerda, embora ali Diogo está provando a cada jogo que é bem melhor que o ex-titular. Mas os quatro se equivalem. Bom para o treinador.
Na zaga, temos enfim um zagueiro novo subindo. Rodrigues, que até fez um gol, o segundo, já nos acréscimos, está evoluindo, e tudo indica que ainda tem jogo pra mostrar. Brás é outro zagueiro que pode ser alternativa a Geromel e Kannemann, mas alguns degraus abaixo na escala.
No meio de campo, além de Jean Pyerre de titular, temos Darlan, que no momento é titular inquestionável. Mas tem o Maicon na fila e também o Pinares. Mais abaixo na hierarquia técnica, o Lucas Silva (foi muito bem neste jogo) e o Isaque, mais o Thaciano. Matheus Henrique, então, faz a diferença no meio de campo.
Na frente, Ferreira, que fez o gol de abertura (vejam só, cruzamento perfeito do Cortez), logo no começo do jogo, está melhorando gradativamente sob a orientação do Mestre Renato. Aliás, Ferreira comemorou nos braços do treinador, que, para alguns corneteiros que ouvem o galo cantar e não sabem onde, seria seu algoz. Espero que algum repórter pergunte ao Ferreira o por que dessa comemoração tão efusiva.
Renato está bem servido também de atacantes: além do Ferreira, tem Diego Souza, Churin, Luiz Fernando, Alison e Pepê, o melhor deles. Para o meu gosto, falta um atacante mais centralizado, mas com maior movimentação, se revezando com os pontas e os meias.
Enfim, é possível dizer que hoje o Grêmio tem um grupo de 16 ou 17 ‘titulares’, o que dá ao treinador algo que ele não tinha no passado e que viabiliza o rodízio de escalações sem que o time tenha maiores prejuízos.