Grêmio x Santos: um duelo digno do velho Canal 100

Eu era um piá solto pelas ruas de Lajeado quando comecei a gostar de futebol. Eu dizia que era gremista, muito por causa do meu avô, Alfredo, e um tanto porque o Grêmio era hegemônico naquele tempo (assim como é hoje no Estado). Foram 12 títulos do Gauchão em 13 disputados entre os anos 50 e 60, com jogadores como Alcindo, que jogou a Copa de 66 ao lado de Pelé), Airton, João Severiano e Sérgio Lopes, que teria um futebol parecido com o de Jean Pyerre.

Agora, uma confissão: eu dizia que era gremista, mas era fascinado pelo Santos. Gostava de ler a Gazeta Esportiva, um jornal paulista de sucesso na época. Ali eu curtia Pelé, Coutinho, Pepe, Mengálvio, Dorval, etc.

Fui fisgado pelo ‘peixe’ graças ao Canal 100, um noticiário que era exibido nos cinemas do país. Chegavam nas cidades do interior com meses e até anos de atraso.

Mas era bonito de se ver. A tela que me parecia imensa me fascinava. Foi ali que eu descobri o Santos. Foi ali que eu ouvi pela primeira vez falar em Pelé.

Santos x Benfica, decisão do mundial de 1962. Santos venceu por 5 a 2 e conquistou o título. Pelé deu um show vestindo a camisa branca, reluzente, e sem a poluição visual dos anúncios. Saí do cinema extasiado. Virei santista, dividindo minha paixão de menino com o Grêmio e o Avenida de Santa Cruz (meu avô era Avenida também).

Com o passar dos anos fui me distanciando emocionalmente do time paulista, e estreitando fortemente minha relação com o Grêmio.

Meu afeto pelo Santos foi pro saco naquele episódio do Aranha. Sei, Pelé, Coutinho e cia. nada têm a ver com esse episódio revoltante. Mas minha camisa do Santos foi jogada para o fundo do armário, servindo de alimento para as traças.

É com esse espírito que encaro o jogo desta quarta-feira, na Arena. Antes cada confronto com os santistas eu via como uma chance de vingança.

Não é mais assim. Se não fosse um duelo que vale classificação na Libertadores seria apenas mais um jogo.

Nem penso em vingar a derrota sofrida dois meses atrás na Vila Belmiro, 2 a 1. Jogo em que Renato e Maicon tiveram um desentendimento público. Desde então são 16 jogos sem perder.

Com todo o respeito ao Santos, o Grêmio tem plenas condições de vencer, e vencer bem, sem espírito vingativo ou coisa parecida.

Penso que o Grêmio pode encaminhar sua classificação ao natural, desde que o jogo flua normalmente, sem influência de fatores externos.

JEAN PYERRE

Ao que tudo indica o time terá Jean Pyerre, que está conquistando o país. No Bem Amigos de segunda-feira o guri impressionou pela segurança, maturidade e clareza de pensamento, detonando com a imagem que quiseram fazer dele.

JP colocou abaixo também a história de que ele e Renato não se dão. Muito pelo contrário.

O que importa, agora, é o jogo contra o Santos, às 19h15.

O técnico Renato Portaluppi não definiu o time, mas deve ser o que ele considera titular no momento:

Vanderlei, Victor Ferraz, Geromel, Brás e Diogo Barbosa; Maicon, Matheus Henrique, Jean Pyerre, Luiz Fernando, Diego Souza e Pepê.

É uma formação bem diferente daquela do jogo anterior, na Vila, pelo Brasileiro. Começaram o jogo na ocasião apenas Vanderlei, Luiz Fernando, Pepê e Diego Souza.

É, portanto, uma diferença considerável, que só aumenta minha confiança numa vitória sem maiores percalços.

Ah, e o Grêmio terá o seu camisa 10: JP, que está honrando o número consagrado por Pelé.