Levei um susto quando vi a escalação do Grêmio para o jogo que começaria em seguida, contra o Cruzeiro no Independência. Gabriel Grando no gol. Adriel no banco. Motivo: indisciplina, segundo a comissão técnica.
Adriel deu entrevista, sem autorização, detalhando aspectos do sistema defensivo da equipe tricolor. O que desagradou à direção foi a seguinte declaração do jovem:
— Os mais altos ficam na frente. Nos escanteios, estavam ficando Villasanti e Suárez, os dois zagueiros e os laterais que ficam no meio para atacar a bola. No primeiro pau, Suárez pega. Se a bola viajar muito, eu saio. Aconteceu isso contra o Santos. Nessas bolas mais alçadas eu assumo a responsabilidade.
Eu acho que caberia uma advertência, não uma exposição pública.
Desconfio que tem algo mais nessa história. Talvez o fato de Adriel ter trocado de empresário, agora o Pablo Bueno, o mesmo de Ferreira e Tetê, do Leicester, e que não parece ser bem-vindo à Arena.
A direção parece determinada a bloquear o crescimento do agente em relação aos jovens atletas tricolores.
SOBRE O JOGO
Esclarecendo que o texto acima foi escrito no intervalo do jogo. No final, na coletiva, o técnico Renato Portaluppi revelou o que está acontecendo. Adriel tem apresentado um comportamento inadequado, segundo o treinador e a direção. Seria prepotente e arrogante. A opção pelo agente Pablo só complicou a situação.
Felizmente, o clube conta com um goleiro que não perde em nada para Gabriel Grando.
E aí, entram algumas linhas sobre a derrota. Primeiro, não concordo que a derrota tenha sido justa. Grando fez algumas grandes defesas, mas o Grêmio no segundo tempo, quando Renato abriu mão do esquema ‘chama derrota’, e foi para cima do rival sem medo, quem trabalhou foi o ótimo goleiro do Cruzeiro. Segundo, as chances criadas pelo Grêmio foram tão ou mais perigosas que as do adversário.
O empate seria o resultado mais justo, na minha opinião.
Agora, Renato poderia ter mudado o time mais cedo, deixando-o mais agressivo e menos preocupado em sofrer gol. O Cruzeiro, na verdade, escapou de um derrota nos minutos finais.
A derrota, no final das contas, tem um aspecto positivo: serve de alerta para o excesso de otimismo da torcida em relação ao potencial do time. Ainda acredito que com dois ou três reforços de bom nível o Grêmio entra na disputa não apenas pela esmola de entrar no G-4.
O Grêmio é grande demais para pensar pequeno. E esta frase cabe para a postura que Renato deve adotar jogo por jogo: um time agressivo e sem medo de ser feliz.