A lembrança maior que eu tinha de Suárez era a inusitada mordida que ele deu na orelha de um zagueiro italiano, Chiellini, na Copa do Mundo de 2014, além do pênalti que ele cometeu na Copa do Mundo de 2010, evitando o gol de Gana, que desperdiçou a chance e acabou dando uma sobrevida aos uruguaior, eliminados depois pela Holanda.
Não tinha, portanto, maiores expectativas em relação a ele, mas não duvidava de suas qualidades, cantadas em prosa e verso e fartamente documentadas nas redes sociais. Lembrei de outro uruguaio , Forlan, contratado pelo Inter, também em fim de carreira após sucesso na Europa. Diferente de Suárez, Forlan não vingou, pelo menos na mesma intensidade, e sua passagem custou caro ao clube.
Bem, o Grêmio, com os cofres raspados, e com apoio de investidores, decidiu investir no uruguaio. Felizmente, a direção, com ousadia e destemor, pagou para ver. Decidiu correr o risco.
O resultado está aí, nos números, nas ações dentro e fora de campo. O quarto maior goleador do mundo em atividade – atrás apenas de Cristiano Ronaldo, Messi e Lewandowski – não demorou a conquistar a torcida do Grêmio principalmente com seus gols e jogadas geniais, de alta técnica e inteligência.
Fica a minha certeza de que o título do brasileirão seria do Grêmio se Bitello não tivesse sido negociado. Mesmo assim, sem seu motorzinho, o técnico Renato – muito elogiado por Suárez na entrevista coletiva que deu após a vitória sobre o Vasco da Gama – conseguiu manter o time competitivo para preocupação dos antirenatistas e colorados despeitados.
Suárez estará em campo para enfrentar o Fluminense, seu último jogo com a camisa tricolor. Será a despedida do uruguaio, que deixa um legado de profissionalismo raro hoje em dia. Um exemplo a ser seguido.
Estarei diante da TV. Não quero perder nenhum detalhe, nenhum lance dos derradeiros 90 minutos desse jogador genial que no ano da graça de 2023 vestiu e honrou a camisa tricolor.