Antes que empresários, especuladores, atravessadores, procuradores e dirigentes picaretas dominassem o futebol, eu até que vibrava com a Seleção Brasileira. Faz tempo isso.
Quando sai uma convocação, nunca se tem certeza de que ali estão realmente aqueles que o técnico considera os melhores. Sempre resta uma sombra de suspeição.
Interesses ocultos.
Já contei aqui, ano passado, a história de um jovem promissor. Ele tinha um procurador modesto, sem nome, sem prestígio. Depois de uma reunião com um grande empresário do ramo das chuteiras, ele abriu mão do jogador mediante uma compensação financeira.
Antes que deixasse a sala, ele ouviu o famoso empresário telefonar para alguém da CBF e dizer “agora já pode convocar”.
O jovem, um zagueiro, passou a figurar nas listas.
Desconfio das convocações, especialmente nas categorias de base. Nós já vimos vários guris participarem de seleções desde a sub nenê de fralda ou algo parecido. E não raro ficamos nos perguntando ‘por que esse cara tá na seleção?’. O fato é que o guri ao vestir a amarelinha automaticamente se valoriza.
Fora isso, tem o fato de que as convocações desfalcam os clubes. É claro que eles podem ter um ganho financeiro, mas há uma perda técnica que por vezes é expressiva.
Vejam agora essa convocação para o mundial sub-20. O Flamengo teve cinco convocados, o Inter teve três. Oscar está entre eles.
Falcão, que não parece apreciar muito o futebol do Oscar, talvez até tenha gostado. É menos uma incomodação. Essa imprensa chata, que não entende nada; essa torcida passional…
O Inter fica também sem dois zagueiros do grupo, Romário e Juan, jovens cotados para brigar pela titularidade.
Já o Grêmio perde Fernando, que começa a conquistar seu espaço.
Enfim, a CBF vem aqui, leva nossos jogadores, desfalca nossos clubes. Enquanto isso, alguns dirigentes festejam porque o ‘patrimônio está sendo valorizado’, e o resto não interessa.
Bobagem essa coisa de querer ser campeão brasileiro. O bom mesmo é fazer dinheiro para pagar as contas e sei-lá-mais-o-quê.
Mas quem vibra mesmo são os empresários, os procuradores, os investidores.
E os guris, claro, que cada vez têm mais pressa em enriquecer. Mal estão saindo das fraldas e já arrumam contrato milionário na Europa.
A cobiça, a ganância, é tanta, que alguns chegam a sacanear o clube onde entraram engatinhando e onde hoje não podem sequer passar perto.
E, esses guris, por mais que sejam orientados, casam com a primeira que aparece, como o Alexandre Pato, ou engravidam uma menina ‘desatenta’, como o Neymar. Ou como o Traíra.
MAMONAS
No intervalo de Penarol x Santos (o Santos mostrou que tem mais qualidade técnica, mas o time uruguaio não se entrega e vai complicar na Vila Belmiro), assisti no SBT uma reportagem sobre os Mamonas Assassinas (depois, só fiquei fresteando o jogo).
Fiquei emocionado ao rever o Dinho fazendo palhaçada ao lado dos amigos, num clima de camaradagem e descontração. Lá pelas tantas, o Dinho parou de cantar, desceu do palco e apartou uma briga.
Está sendo lançado um filme sobre eles, que morreram em 1996, 2 de março, num acidente aéreo.
Quero declarar – e podem jogar pedras e ovos podres – que essa banda foi a coisa mais importante que surgiu na música brasileira nos últimos 20 anos.
Até hoje me pego cantarolando aqueles musiquinhas simples, quase infantis, algumas com letras de duplo sentido. A criançada gostava. Meus filhos gostavam. Eu gostava.
Sei que eles não ficariam muito tempo com tanto sucesso, talvez mais um ou dois anos. É assim no país da ‘eguinha pocotó’.
O Neymar, com sua alegria e malandragem pra jogar futebol, me lembra o Dinho, o líder dos Mamonas.
Vou ver filme.