Com a chegada do ‘dr Roth’, o Grêmio deixou de respirar por aparelhos.
Com um ou dois treinos, muitos palavrões e xingamentos, e alguns ajustes no posicionamento e na postura, o novo técnico gremista deu nova cara ao time. O empate com o Palmeiras é um resultado para ser comemorado, sem muita euforia, mas um paciente de UTI precisa acima de tudo de contar com o tempo a seu favor para recuperar a vitalidade, a energia.
É importante registrar que o Grêmio manteve uma disputa equilibrada com o time de Felipão. Roth acertou a marcação, e para isso Adilson foi fundamental. Grande atuação desse jogador tão depreciado por boa parte da torcida. Se Adilson tivesse um pouco mais de técnica estaria na Europa, não aqui num time que entra ano passa ano namora a segundona. Então, Adilson merece, isso sim, todo apoio, até porque é um dos raros que realmente parece jogar por amor ao clube.
O jogo mostrou que o maior problema continua sendo o ataque. Talvez Brandão ajude a melhor a coisa, talvez. O goleiro Marcos praticamente não trabalhou. No lance mais perigoso do ataque, Leandro tentou encobrir o experiente goleiro, que defendeu brincando.
Agora, o time tem uma deficiência crônica no setor esquerdo. Lúcio, para mim, é um jogador que quebra o galho na meia, e que não pode ser titular da lateral-esquerda. Quando vejo Lúcio sempre imagino o que não seria o Grêmio com um jogador mais lúcido e inteligente nessa função. Lúcio tem a seu favor a velocidade, a aplicação tática, mas joga pouco para ser titular de uma posição tão importante num time que em tese sempre briga pelo título.
Já a lateral-esquerda merece um tratado. O último que deu uma resposta positiva, sem contestação, foi Roger. Faz tempo… Bruno Colaço é um lateral razoável, quebra o galho, mas quando o nível de exigência aumenta ele parece diminuir de tamanho. O mesmo se dá com Lúcio.
É possível que Roth consiga fazer com que esses jogadores, num esquema mais organizado, com funções bem definidas, rendam mais, subindo de produção com o restante da equipe. Mas insisto que falta qualidade por ali. Agora, melhor Lúcio na meia do que o Escudero, ótimo para entrar no final e agitar na frente. E só.
Agora, Douglas. Ele fez um bom primeiro tempo. Parecia mais ligado, mais interessado. No segundo, quase não foi visto. Pegou pouco na bola, parecia se esconder. Errou passes. Mas é possível que Roth faça com que ele repita o futebol dos últimos meses do ano passado.
Dr Roth não é milagreiro, mas ele sabe curar preguicite aguda.
CRUZEIRO E A ARBITRAGEM
O Inter, mesmo com um time misto, conseguiu somar três pontos. A vitória por 3 a 2 chegou em boa hora, porque mantém o time perto da zona da Libertadores.
Agora, não tem como sonegar o fato de que a arbitragem foi cruel com o time do Joel, que, aliás, mantém o veterano e cansado Gilberto trocando passes numa zona morta de campo, praticamente deixando o time com um a menos em campo.
No último lance em que correu mais, Gilberto, do alto de sua experiência, fez falta em D’Alessandro, e o juiz deu pênalti. A falta foi fora da área, mas o argentino acabou desabando dentro da área com o experiente Gilberto sobre suas costas. Mal colocado, o juiz deu pênalti, que até é discutível.
O Inter foi melhor no primeiro tempo. No segundo, o Cruzeiro foi superior, mas sem muita objetividade. O time mineiro marcou um gol em bela jogada tramada. Mas o bandeirinha conseguiu ver impedimento e anulou o gol. Um erro grave.
Depois, pênalti claro pela direita na área do Inter, que o juiz ignorou solenemente. Bom para o Inter, que outras vezes foi prejudicado. Quando o juiz erra a favor, o costuma acontecer mais com Corinthians e Flamengo, é preciso desfrutar o momento, porque logo ali adiante pode vir a conta.
O Interino Osmar Loss foi criticado pela torcida no final.
Tudo indica que o Inter vai apressar a contratação de um novo treinador, que deve mesmo ser Dorival Jr, finalmente demitido do Atlético Mineiro.
Boa essa profissão de treinador de ponta. Quando mais fracassa, mais ganha dinheiro, com a indenização e com o novo contrato.
GORJETA
Celso roth, diferente de outros tempos, mudou o time no segundo tempo não para se resguardar, mas para tentar surpreender o Palmeiras. Será influência de Renato Portaluppi? Só acho que ele poderia ter colocado Miralles mais cedo, mas não no lugar de Leandro, e sim no de André Lima. Talvez com maior movimentação na frente o time conseguisse criar mais jogadas de gol.