O Beira-Rio em pleno agosto, o ‘mês do desgosto’ segundo os mais antigos, virou o paraíso na face da Terra nesta terça-feira.
Assumiu o novo treinador, finalmente; oposicionistas apareceram na ‘posse’ sinalizando talvez a pacificação interna; Andrezinho foi reintegrado após seu ato de indisciplina, o que é uma conquista da direção; e Ilsinho, um ala/meia de alta qualidade, está chegando.
Como há murmúrios de que nem no paraíso tudo é total harmonia e paz, restam algumas arestas, como o fato de Dorival Jr ter trazido seu ‘núcleo duro’, para usar uma expressão comum à política, do qual faz parte seu preparador físico de confiança. O que é curioso porque o Inter possui um preparador de seleção brasileira, nome complicado, mas cuja competência é inquestionável.
Nesse aspecto, fico com o exemplo do São Paulo, que mantém uma comissão técnica permanente. Treinador que for pra lá vai trabalhar com os profissionais do clube. No máximo, o sujeito pode levar um auxiliar para fazer não se sabe exatamente o quê.
E Dorival Jr já chega mexendo no time. Sacou Tinga logo no primeiro treino. Mas não mexeu no Bolívar, aí o furo é mais embaixo. O atento repórter Fabrício Falkowski relatou que vozes oriundas da arquibancada pediram a saída de Bolívar, mas não levaram.
Pediram a cabeça do ‘espetacular’ Mathias. Essa é mais fácil de entregar de bandeja, pelo menos até a próxima intervenção do guru do presidente Giovani Luigi, o Fernando Carvalho.
Dorival Jr já adiantou que seu time joga com dois volantes, dois meias e dois atacantes, ou até três, sacando um volante. Pelo discurso de que preza acima de tudo a qualidade técnica, sem abrir mão de força e marcação, claro, ele me lembrou o técnico Silas e suas preferências.
Agora, com a contratação de Ilsinho, o Inter tem tudo para resolver o problema da lateral-direita. Ilsinho diz que prefere jogar no meio de campo, mas bem conversado ele vai ocupar o lugar de Nei. E aí sim o Inter vai ganhar uma jogada muito forte pela direita.
Ilsinho eleva o status colorado no Brasileirão. A lateral é o calcanhar de Aquiles do Inter há algum anos. Aumentam as possibilidades de o Inter ganhar uma vaga na Libertadores e talvez brigar pelo título.
Só vai depender de Dorival Jr. Isso se um diabinho não invadir o paraíso e levar São Damião embora.
FIM DA UNANIMIDADE
O Grêmio até pouco tempo tinha em seu grupo apenas uma unanimidade: Victor. Única unanimidade.
Os colorados invejavam o Grêmio por ter um goleiraço. Invejavam. Especialmente os da mídia. Todos muito bem identificados pelos torcedores mais atentos.
Bem, Victor vacilou aqui e ali, e isso abriu a brecha que eles esperavam para detonar o motivo da inveja.
É assim aqui na província azul e vermelha. Agora, o pior é que gremistas normalmente espertos entraram nessa lenga-lenga.
Li um cronista colorado defendendo a entrada imediata de Marcelo Grohe, Quanta preocupação com o Grêmio…
Gremistas fizeram e fazem coro pedindo por Marcelo.
Desprezam o histórico de Victor, e enaltecem uma série (curta) de boas atuações de Marcelo.
Ignoram que Marcelo, porque é goleiro, simplesmente, vai falhar. Todos os goleiros falham. E aí? Vão pedir Victor?
Não importa. O estrago está feito. O Grêmio não tem mais em seu time uma só unanimidade, ou algo perto disso. E isso é preocupante.