A frase é antiga, bolorenta, tem cheiro de naftalina, mas segue muito atual:
‘Nada como um Gre-Nal pra arrumar a casa.’
Ainda é cedo pra concluir que a vitória por 2 a 1 do humilhado patinho feio sobre o garboso cisne vai mesmo ajeitar o time gremista, mas o primeiro passo nesse sentido foi dado. E foi um passo firme, determinado.
Não fosse a arbitragem o Inter poderia ter saído do Olímpico levando na bagagem um saco de gols. Quem diria? O atual campeão gaúcho e bicampeão da Recopa escapou de uma goleada com ajuda da arbitragem.
Eu diria que o árbitro foi o maior adversário do Grêmio.
A dupla de vovôs da área, Bolívar e Índio, costumam fazer faltas dentro da área, normalmente jogando o corpo sobre o adversário e com ele se enrolando de modo a passar para o árbitro que foi um choque, uma disputa de corpo, enfim, um lance casual.
Índio precisou cometer dois pênaltis para que o juiz marcasse um deles, o último. E aqui um aparte: Roth foi esperto ao escalar um jogador ágil e veloz como Escudero. A dupla de zaga do Inter tem dificuldade para marcar jogadores rápidos. Índio vacilou e quando viu o argentino passava ao seu lado com um raio.
Provavelmente Escudero não faria o gol, porque não tem a frieza de um goleador, mas Índio, confiando no árbitro pusilâmine, resolveu não arriscar e enfiou o braço no jogador. Ah, Escudero foi bem no jogo, e merece ter continuidade como titular. Quem sabe eu não errei na minha avaliação e ele mostra que tem condições de jogar no time principal de um clube de ponta.
O fato é que o Grêmio mereceu a vitória. Como disse o técnico Dorival Jr no intervalo: o Inter veio pra jogar, e o Grêmio para decidir.
E foi isso mesmo. O Grêmio foi mais interessado, mais brigador. O Inter deve ter sentido o desgaste emocional e físico da decisão do meio da semana. Sentiu também a falta de D’Alessandro. Mas um time que vinha sendo cantado em prosa e verso, já sonhando o título brasileiro, deveria passar por cima dessas coisas.
Elogio para Roth: eu pensei que ele começaria com 3 volantes. Entrou com dois. Posicionou bem a segunda linha do meio de campo com Marquinhos, Douglas e Escudero. Na frente, só André Lima.
Roth, tão criticado no Inter por gostar de um esquema assim, mostrou que dá pra ser feliz com um atacante de ofício, desde que o time tenha laterais que subam com alguma qualidade e meias que cheguem à frente.
Douglas e Marquinhos mostraram que podem jogar juntos. Os dois fizeram gols. O ataque mesmo continua devendo.
No Inter, Damião não foi o perigo todo que eu previa, e que quase todos previam. O Inter realmente sentiu a falta de uma bola mais trabalhada.
O Grêmio seu um passo rumo a um futuro melhor. Vamos ver se vai seguir na escalada.