Numa guerra, a primeira vítima é a verdade. Nessa guerra não declarada entre o Beira-Rio em demolição parcial e a Arena em construção, há um tiroteio de informações, nem sempre confiáveis.
Por isso, é difícil saber com quem está a verdade, se é que existe apenas uma verdade. Ou se tudo não passa de uma grande mentira. É difícil.
O presidente Giovani Luigi, um sujeito afável e sério, que conheço há muitos anos, está sob fogo cruzado. Por isso, se defende como pode, inclusive apelando para inverdades.
Em sua entrevista de hoje, horas depois de confirmada a decisão da Fifa de alijar Porto Alegre da Copa das Confederações, Luigi afirmou que esse torneio nunca foi o objetivo do Inter, e sim a Copa do Mundo, e é para ela que o clube se programou.
Essa afirmação não me soou bem. Eu tinha como certo que o Beira-Rio estava comprometido com as duas competições, mas fiquei em dúvida depois de ouvir o presidente colorado – que, a bem da verdade, virou refém da empreiteira, conforme afirmou o ex-Vitório Piffero – tentando justificar o injustificável.
Fui socorrido pelo twitter do @fabriciocpovo, o repórter que mais sabe das coisas do Inter. Ele postou no final da tarde que o Inter ao assinar o caderno de encargos da Fifa comprometeu-se a ter o Beira-Rio pronto também para a Copa das Confederações.
O Inter, segundo a Fifa, que parece ter mais poderes que a ONU, não honrou o compromisso firmado.
Não tenho dúvida de que o Inter queimou seu filme com os velhinhos sapecas, e espertos, da Fifa. Eles poderiam esperar mais um pouco.
A retirada da Copa das Confederações foi um recado. A Fifa botou pressão no Inter, e quem vai ganhar com isso é a tal empreiteira, que agora vai firmar o contrato que quiser, a não ser que Luigi e seus companheiros de diretoria queiram correr o risco de perder também a Copa do Mundo.
Quem também fez uma pressãozinha foi o astuto presidente da CBF, que, segundo o presidente da FGF, Noveletto, já cogita em defender a Arena gremista como sede dos cinco jogos do mundial que virão para Porto Alegre.
Para mim, é tudo jogada para acelerar uma decisão do Inter, favorecendo a Andrade Gutierrez. Daqui a pouco o Inter estará comprometendo uma série de receitas, assim como o Grêmio já comprometeu.
Agora, se perder a Copa, o clube deixará de receber os mais de 60 milhões de reais de isenção fiscal concedidos generosamente pelo governo federal aos estádios da Copa, comprometendo a reforma do Beira-Rio.
Essa grana toda – assim como as fortunas que estão sendo aplicadas pela União em outras obras – poderia ser destinada à saúde, por exemplo, mas vai para esse imenso circo que está sendo montado e que vai enriquecer muita gente, principalmente os donos de empreiteiras, que vão rir muito de180 milhões de palhaços.