O Grêmio mantém sua rotina no Brasileirão: não consegue vencer fora de casa.
Pior que a derrota por 2 a 1 para o Ceará, liderado pelo quase ancião Geraldo (autor do gol da vitória no ‘apagar das luzes’, como se dizia antigamente), foi a atuação do time.
Na verdade, não há time, não há uma equipe.
A impressão é de que ontem cada jogador parecia músico de uma orquestra maluca, na qual cada um toca uma música. À beira do campo, o maestro parecia nada entender, perdendo o controle total de seus músicos, que, para agravar, estavam completamente desafinados.
O Grêmio foi um amontoado desconexo, em descompasso. Um time sem noção.
Não responsabilizo o técnico Renato pelo que aconteceu. A herança que ele recebeu de seu antecessor e da diretoria é macabra.
Renato sabia onde estava se metendo. Eu escrevi que a missão talvez fosse pesada demais para ele. Agora, cabe a ele tomar as providências para começar a montar uma equipe de futebol, na qual todos os jogadores toque a mesma música, tenham o mesmo objetivo, igual comprometimento.
Quem ousar tocar pagode numa peça de jazz,que caia fora. Já. Agora. Ontem.
É preciso uma faxina no vestiário. Quem está lá tem condições de avaliar muito melhor do que nós, observadores distantes, quem está descompromissado, desinteressado, sem qualquer envolvimento com o clube.
A fase da conversa ao pé do ouvido, no canto do vestiário, já passou. A hora é de fazer sangrar a ferida, até escoar todo o sangue ruim que circula pelas artérias, comprometendo todo o organismo.
Na verdade, isso deveria ter sido feito há uns três ou quatro meses, ou pelo menos no momento em que houve uma pausa no Brasileiro por causa da Copa do Mundo.
Ainda há tempo. Não muito, mas ainda é possível fazer essa orquestra tocar a mesma música, que até pode ser um pagode, mas de preferência tangos arrebatadores e passionais, que tem mais a ver com a garra e a tradição do Grêmio.
Agora, se o time do Grêmio tivesse a mesma harmonia, o mesmo entrosamento e a mesma disposição que tem a torcida quando canta o hino do RS com certeza a situação hoje seria completamente oposta.
SAIDEIRA
Só não pode é fazer terra arrasada. Ontem, conversando com alguns torcedores e ouvindo manifestações pelo rádio, vi que o pensamento geral é de que nada mais presta, ninguém joga nada e todo mundo deve ir embora. É nessa hora que são cometidas injustiças. Por exemplo, Willian Magrão não foi bem, até fez gol contra, mas se trata de um titular inquestionável. Ontem, ouvi gente dizendo que ele está acabado, que não tem condições, etc.
Acho que é preciso focar nos que vieram de fora e nada trouxeram, a não ser a vontade de ganhar muito dinheiro e depois partir.
Ouvi também o presidente do clube dizer que todos elogiaram as contratações feitas no começo do ano, e que por isso agora têm mais é que ajudar. Bem, eu critiquei quase todas as contratações, começando pelo Ferdinando e Leandro, e passando pelo Hugo e Borges, que até me surpreendeu positivamente, mas que é outra figurinha complicada.
FECHANDO A CONTA
O maior reforço que o Grêmio poderia ter agora é um camisa 5 com qualidade, experiência e liderança. Sugestão: Bataglia, do Boca. Ah, é caro? Simples, é só mandar embora dois ou três que ganham muito para não trabalhar.