Enquanto aqui há um esforço concentrado para evitar o ‘já ganhou’, a imprensa do resto do País é transparente, não mocoseia a realidade, ou seja, o Inter já é bi da Libertadores, igualando-se ao Grêmio e, a continuar nesse ritmo, se preparando para superar o glorioso tricolor de tantas conquistas num passado cada vez mais distante.
O site do Estadão estampa: O Inter pronto para a festa do Bi.
Não poderia ser mais correto e honesto esse título. Afinal, o Chivas não tem a menor condição de impedir nova derrota.
Há um ufanismo contido em todos os setores colorados, começa pela direção, passa pela torcida e invade a imprensa, que se torna cúmplice, ou parceira, como queiram, dessa tentativa de mascarar os fatos. Um complô vermelho.
O site do Correio do Povo destaca uma frase do presidente Piffero: “Estamos prontos para sofrer”.
Esta é uma noite em que não haverá sofrimento, nem de colorados nem de gremistas, porque todos sabem o final.
Se bem que sempre haverá quem sofra. Por exemplo, quem não sofre com o foguetório?
Eu, que nunca soltei um foguete, no máximo brinquei com rojões quando guri nas ruas de Lajeado, quero distância. Mas sei que da barulheira não vou escapar.
Aliás, já comecei mal o dia. Acho que ali pelas sete da matina um vizinho desvairado inventou de soltar foguetes. Foram uns dois ou três minutos. Parecia uma eternidade. Era um colorado festejando o título por antecipação, já que claramente ele queria saudar o início do dia histórico.
Depois, peguei engarrafamento acima do normal para chegar ao meu trabalho. A impressão que tive é que os colorados já seguiam para o Beira-Rio às 9 da manhã.
Eu, que pensava em buscar a segunda via do título de eleitor (inventaram que é preciso apresentar o título, não apenas a carteira de identidade como tenho feito à décadas), desisti. A Junta Eleitoral fica na Padre Cacique, próximo ao Beira-Rio. Deve estar um inferno aquela área da cidade. Um inferno que deve se alastrar gradativamente ao longo do dia.
Acho que na hora do jogo vou tomar um negócio para dormir, algo forte como o que tomou meu amigo Chico Izidro, do CP, quando o Inter disputou o Mundial com o Barcelona. Ele se apagou.
Para o Chicão, que nunca frequenta este boteco (o que até é bom porque ele terminaria com o estoque etílico), o Inter continua sem ser campeão do mundo. Tudo não passa de um delírio colorado, de um longo pesadelo que promete ser interminável.