Uma hora atrás eu estava na 10ª DP, no Bom Fim, registrando um assalto. Dois bandidos armados levaram meu carro. Foi a segunda vez. A primeira foi há uns três anos. Também levaram o carro, que nunca apareceu. Felizmente, eu tinha seguro, como agora.
O curioso que os dois assaltos foram no mesmo lugar: em frente a casa da minha ex-mulher, no bairro Rio Branco. Dá o que pensar…
Dei bandeira. Fiquei conversando com meus filhos em vez de ir embora rapidamente, como costumo fazer.
Quando vi, dois caras magrinhos, com jeito de assaltantes (um deles vestia uma camisa do Barcelona, bem folgada), um negro e outro mulato, cruzaram a rua em diagonal em nossa direção.
Meus filhos sinalizaram e pediram que eu entrasse no carro. Era tarde demais, pensei. Mesmo que entrasse eles me pegariam e talvez fosse pior por ter tentado fugir.
Éramos três, eles dois. Imaginei que talvez eles seguissem em frente para pegar uma vítima menos complicada. Ledo engano.
O neguinho magrinho, que parecia ter saído do filme Cidade de Deus, veio em minha direção, segurando um revólver prateado.
– Perdeu, perdeu – disse ele.
No primeiro perdeu eu o encarei. No segundo, olhei para o revólver.
Realmente, eu tinha perdido.
Me pediram a chave do carro, perguntaram se tinha bloqueador, eu disse que não. Pegaram minha carteira com os documentos, meu celular e minha máquina fotográfica com a fotos que eu havia tirado à tarde da Arena do Grêmio e pensava em publicar aqui no blog.
Ah, quando o mulato se preparava para entrar no carro eu vi o meu cachorro agitado no banco do passageiro. Perguntei se podia levar o cão, o Elvis. O mulato respondeu que sim, mas que fosse rápido.
O Elvis resistiu, não queria sair. Eu o puxei com força, ele escapuliu para o banco de trás.
O bandido reclamou: “Pega logo se não ele vai junto”.
– Posso abrir a porta de trás?
Foi aí que me dei conta que a situação começava a ficar cômica.
O assaltante respondeu que sim, mas que fosse ligeiro.
Eu me atirei pra dentro do carro e agarrei o bicho, que parecia assustado, certamente sentindo o clima de tensão no ar.
O mulato entrou no carro e perguntou de novo se tinha corta corrente. Repeti que não.
– Se tiver, eu volto aqui e acabo com vocês -, ameaçou.
E saiu dirigindo com dificuldade na arrancada porque é um carro com câmbio automático.
Ainda bem que tenho seguro.
Fica a lição mais uma vez: não dê bandeira na rua, ao lado do carro.