Porto Alegre está infestada de ativistas. Tem mais ativista do que mosquito.
Só fui me dar conta disso quando vi o centro da cidade parado em função de uma gigantesca e ruidosa passeata de participantes do Fórum Social Mundial. Todos ativistas.
Entre eles não estava um sujeito condenado por assassinato na Itália, o Cesare Battisti. O italiano foi recebido pelo governador Tarso Genro, responsável maior pela não extradição do indivíduo. Depois, eu o vi pela TV passeando no Mercado Público. Disse que não participou da manifestação por causa do calor.
Não pude deixar de lembrar de um programa de humor dos anos 70, em que uma bela norte-americana radicada aqui dizia com um sotaque carregado, depois de levar uma cantada de um brasileiro malandro:
– Brasileiro é tão bonzinho…
Descobri que ele hoje trabalha numa livraria no Rio e nesta quarta lança um livro na Ufrgs. Vida boa. Paga bem essa livraria. Ou será que alguém está pagando para ele vir aqui? Não duvido.
Battisti é hoje um ex-ativista. Pelo menos é assim que se referem a ele. Fui no dicionário. Está lá: “Membro ativo de um partido, de uma organização. Militante”.
Bah, depois de meio século de existência descobri que sou um ativista. Um ativista esportivo.
Integro uma organização fechada, onde só se entra por convite, e ainda após aprovação do grupo.
Antes de tudo é preciso ser gremista e ter um blog sobre futebol, no qual o Grêmio deve ser sempre o assunto principal. Mas esse grupo de ativistas é como metralhadora giratória, atira pra tudo que é lado.
Não posso falar mais sob pena de ser banido. Tudo ali é tratado de forma sigilosa, nada pode vazar. Por isso, como bom militante, silencio.
Agora, é um pessoal atuante, sempre pensando maneiras de tornar o Grêmio mais forte, vencedor. Não sei quando a ‘irmandade’ foi fundada, mas acho que depois de 2001.
Quer dizer, ainda não conquistou nenhum título relevante.
Mas também ainda não matou ninguém. Ainda.