Os técnicos e a pena de morte

O time do Grêmio começa pelo ataque. Obrigatoriamente. Kleber e Marcelo Moreno se impõem ao natural.

Ontem, numa entrevista, o técnico Caio Jr admitiu isso e ainda comentou que não está acostumado a armar seus times assim, com dois atacantes. “Temos que armar o time para jogar em função deles”, é mais ou menos assim que ele falou.

Caio passou-me a impressão de que isso meio que violenta seu pensamento sobre futebol. Um treinador precisa ser um sujeito flexível, porque só assim saberá trabalhar com os jogadores que possui, tirando deles o máximo em benefício da equipe.

Mas é fundamental que o treinador tenha suas convicções, que podem, é claro, moldar-se à realidade que ele encontra em determinado clube.

Fico imaginando o Celso Roth assumindo um clube em que todos os volantes sejam daqueles que largam a posição e vão faceiros ao ataque. Ele teria que improvisar, mas a tendência é de que fracassaria, porque os seus times sempre contam com pelo menos um volantão. Fora isso, ele se perde.

É por isso que o correto é contratar um treinador a partir de uma convicção de como a gente quer que ele jogue.

Vejamos o Grêmio: o que há em comum entre Renato, Julinho, Roth e Caio Jr? Nada. Talvez Julinho e Roth tenham alguma afinidade em termos de pensamento de futebol.

Parece que não há convicção no Olímpico sobre o esquema que se deseja, o máximo que cobra é um time com pegada, guerreiro, imortal.

Então, se eu sou dirigente, e gosto de um time com dois atacantes, dois volantes e dois meias, vou buscar um treinador que goste de trabalhar nesse sistema. Nunca um Celso Roth, por exemplo.

Eu, particularmente, gosto de um time assim: dois laterais que cheguem com facilidade na frente (tipo Júlio César e Mário Fernandes); dois zagueiros, um mais técnico e outro mais xerifão; um volante tipo para-brisa, que jogue centralizado na frente da área, cobrindo as laterais; dois volantes que marquem forte e saiam para o ataque com velocidade; um meia que se movimente bastante na frente e seja habilidoso, criativo; e dois atacantes que sejam também combativos, participativos.

A partir desse esboço eu iria em busca de um treinador, e contrataria jogadores com as características necessárias.

Assim, não correria o risco de, por exemplo, depois de dois jogos, já começar a cogitar em mudar o esquema colocando três zagueiros só porque um lateral (Gabriel) entrou bem durante um jogo contra um time precário.

Antes de cometer essa tolice, é preciso considerar que o Grêmio ainda não tem sequer uma zaga realmente eficaz e provada, mas tem  meias em profusão.

Se começar a alterar o esquema agora em função de uma vitória sobre o Canoas o técnico Caio Jr estará mostrando que é influenciável e flexível demais. E isso realmente não leva a lugar algum, ou melhor, leva sim, ao fracasso. É o que eu penso.

Respeito empolgações contrárias.

JUVENTUDE

Quando o Grêmio procurava substituto para Roth, sugeri o nome de Antônio Piccolo. Pensamento mágico, porque pouco sei desse treinador. É uma aposta como muitos outros, como o próprio Caio. Mas Piccolo é de Caxias. O Grêmio tem sorte com treinadores vindos de lá. Felipão, Tite e Mano Menezes.

Agora, Piccolo anda fazendo um ótimo trabalho nesse Juventude modesto dos últimos anos. Soube que é um treinador com carisma e liderança. Neste domingo, então, veremos o duelo entre o técnico que eu queria (até por falta de melhor opções) e o técnico que foi contratado só porque estava disponível e tem história no Grêmio.

PENA DE MORTE

Sou a favor da pena de morte. Não para treinadores, não. Nem para juízes de futebol ou dirigentes corruptos. Mas para criminosos como esse de Caxias, que matou um pai e dois adolescentes só por vingança por ter sido demitido da empresa do sujeito. O assassino não tem ficha criminal. Houvesse pena de morte, ele pensaria muito antes de matar. Mas sabendo que depois de alguns anos de cadeia, sustentado por nós contribuintes, ele estará solto…

Os criminosos há muito tempo não se intimidam com a nossa branda legislação penal. Hoje, se mata com muita facilidade.