Recolhido para meditação no interior de Saudades, uma pequena cidade fundada por gaúchos lá pelos anos 50, às margens do rio Saudades (incrível coincidência), perto de Chapecó, abandonei o mundo por três dias. Imitei o Raul, que queria parar o mundo para descer.
No domingo (ontem), depois de uma churrascada com a alemoada, amigos e familiares, regada a cerveja é claro, assisti ao jogo do Inter. Isso depois de tirar uma breve siesta que ninguém é de ferro. Assisti ao lado dos parceiros (todos gremistas, porque a região lá é dominada por gremistas). Boa parte do tempo eles trocavam palavras em alemão, e eu ficava boiando mais que o Onofre no vestiário tricolor.
Então, vi o misto quente do Inter conquistar sua quarta vitória seguida no Brasileirão, confirmando o que previ semana passada: o Inter vai ser campeão da Libertadores, do Brasileirão e, de quebra, do mundo. Estou providenciando o visto para o Casaquistão. O Grêmio acompanhei através de relatos do meu cunhado, que se fechou no galpão com um radinho para ouvir o jogo pela Guaíba (ele é guaibeiro fanático).
Lá pelas tantas, o Inter vencedo por 1 a 0, ele chega correndo, olhos esbugalhados, feliz, para anunciar o gol do Borges.
– Sossega, olha o coração, que não vale a pena. Daqui a pouco o Cruzeiro empata – alertei. Ele não gostou muito do que falei e saiu resmungando.
Antes de viajar escrevi que o pessoal da região, os gremistas, estava pensando em suicídio coletivo diante do que acontece de ruim no Grêmio e de bom no Inter. Exagerei, claro. Mas foi eu pisar em Saudades, onde fica a fábrica da Umbro, da Fila e outras grifes, que um grupo de gremistas me cercou.
– Diz aí o que está acontecendo com o nosso Grêmio? -, perguntaram, quase implorando, em coro. Na hora pensei que ao brincar que eles estavam desesperados e que pensavam em se matar até que não errei tão feio.
Diante daquela pergunta assim, de sopetão, logo após os cumprimentos de praxe, fiquei mudo. Pensei alguns segundos:
– Vocês têm muuuuito tempo para me ouvir, ou querem um resumo?
Aconteceu o que eu temia: eles tinham todo o tempo do mundo. O problema é que eu estava cansado. Era sexta-feira. Eu havia saído de POA às 8h. Viajei quase oito horas. Então, depois de garantir o chimarrão nas minhas mãos, sugeri para conversar com mais calma à noite. Ele toparam.
O que falei depois é tema para outro comentário aqui nas mesas do boteco. Só adianto que eles saíram preocupados. E a ideia do suicídio coletivo ganhou corpo. Não sei se não vou aderir.
SAIDEIRA
Mano era pedra cantada. A surpresa foi Muricy ser convidado no sábado e recusar. Passou o cavalo encilhado.
Mano aceitou na hora, não é bobo. Um baita emprego.
Hoje, anunciou a seleção que enfrenta os EUA em agosto. Há muitos nomes discutíveis na lista, o que é natural porque se trata de uma renovação. Gostei de ele ter lembrado do Lucas, do Ganso e do Hernanes(que eu queria no time do Dunga), e também do lateral André Santos (mil vezes melhor que os convocados pelo Dunga, mas dizem que ele tem problema extra-campo). Gostei também que ele chamou o Pato, que tem tudo para ser titular em 2014.
Enfim, é um começo. Não gosto do Mano, mas reconheço que é um técnico equilibrado, que sabe armar um time, e, ao contrário do Dunga, tem experiência de treinador.
Se vai dar certo, é outra história.
Só não gostei que logo de cara o Mano deu uma exclusiva para a Globo. Só pra Globo.
SAIDEIRA II
Os doutos do Grêmio querem passar a imagem de que são firmes e duros contra a indisciplina. Anunciaram multa para Jonas e Rodrigo, que, pelo que soube, brigaram em Minas. Alguém sabe explicar o motivo da briga?
Deve ser aquela multa amiga, tipo a que o Lula e a Dilma recebem do TSE. Sai na urina.
Aposto que o Jonas está do lado do ‘bem’. Vem cá, tomar dois gols de cabeça?
A zaga deve explicação. E também o Silas, porque com ele o Grêmio vive tomando gol de cabeça e/ou por descuido de marcação. Ele não sabe armar uma defesa, entre outras coisas. Pode jogar com quatro zagueiros na área que isso vai se repetir.