O técnico Luxemburgo deve ter suas razões para insistir tanto com Gilberto Silva como se o veterano volante fosse um Lugano, um Lúcio. Enfim, um grande zagueiro. Luxemburgo tem mais informações do que nós, que ficamos dedilhando, trocando ideias sem maior compromisso, como se estivéssemos à mesa de um boteco degustando uma cerveja artesanal, um chopp, entre um petisco e outro.
Agora, olhando assim de fora, lembrando o que o volante improvisado na zaga jogou até agora, não consigo entender por que insistir tanto que ele jogue, ainda mais com o nariz necessitando de uma proteção, uma máscara que faz lembrar o Fantomas, aquele das lutas livres de antigamente em que ninguém se machucava de verdade.
Fico imaginando o GS disputando uma bola pelo alto a centímetros de um cotovelo nada amistoso.
Será que o Naldo, por exemplo, não consegue dar conta do recado? Como é que se sentem os zagueiros de verdade, e que não são tão ruins quanto alguns pensam, sendo preteridos por um volante improvisado e ainda por cima descontado?
Respeito o Luxemburgo, sei que ele não é burro e que conhece futebol, mas na minha opinião ele erra feito nessa insistência com o GS.
Entendo também que ele erra ao recolocar Marco Antônio na equipe. É óbvio que o time com MA pode vencer o jogo de amanhã. Afinal, se trata do Ipatinga.
No entanto, temo que Luxemburgo fará lembrar aquela velha máxima do futebol: ele mexeu bem só porque escalou mal. Prevejo que o Ipatinga, fechadinho e nos contra-ataques, irá criar dificuldades que só serão resolvidas quando Luxa alterar o time. E olhe lá.
O destino muitas vezes ajuda o treinador que não consegue enxergar o que está a um palmo do seu nariz. Luxemburgo está tão obcecado com a sua concepção de futebol de que não se ganha sem um ‘pensador’ no meio de campo, que ignora alternativas mais interessantes e efetivas.
Eu também acho importante ter um jogador que ‘pense o jogo’, mas não pode ser qualquer um. Por exemplo, se o tal articulador for um jogador do nível do Marco Antônio ou do Marquinhos, que se busque outra maneira de jogar.
Contra o Caxias, o Grêmio fez 3 a 0 no primeiro tempo ao natural. O adversário é um finalista do Gauchão, e chegou lá batendo o Grêmio que tinha o ‘pensador’, o ‘iluminado’ Marco Antônio para tocar a bola pro lado, sem arriscar um drible para invadir a área, e de vez em quando acertar um passe vertical.
Com Facundo Bertoglio na meia, pensando pouco e agindo rápido, o Grêmio fez um primeiro tempo muito bom, um dos melhores deste ano.
O destino sinalizou para Luxemburgo: esqueça MA, invista no argentino.
Facundo de segundo atacante não é o mesmo do que joga vindo de trás, armando e puxando contra-ataques, com metidas de bola que poucas vezes vi nos últimos jogos do Grêmio.
Luxemburgo pode ter suas razões para escalar MA e adiantar Facundo, sacando Miralles. Mas eu não consigo captar a mensagem.
Pra mim, simplesmente Luxemburgo não soube interpretar corretamento o recado dos astros. Ou o desprezou.