Há uma expectativa muito grande entre os gremistas em relação à Arena.
O Grêmio deste século será dividido entre Antes e Depois da Arena. Esta é certeza e convicção de uns, e esperança de outros.
Estou no segundo grupo. Estaria entre os que acreditam numa grande virada se não estivesse tão decepcionado e frustrado com os gremistas que comandaram o clube nos últimos 15 anos e que lá permanecem e permanecerão numa cansativa dança das cadeiras.
O caminhão de mudanças para a nova casa vai levar, além da alegria e do entusiasmo quase infantil de milhões de gremistas, velhos hábitos e ultrapassadas rotinas que tornaram o Grêmio menor nos últimos anos.
A Arena dará uma arejada, talvez force uma nova postura, como aquela que tínhamos quando abríamos um caderno novo nos bancos escolares, caprichando na letra e tomando todo o cuidado para que não amassasse. Mas isso não durava mais do que alguns dias ou algumas semanas.
A Arena será como o caderno novo no início do ano letivo. A não ser que os homens que dirigem o clube e todos os outros que estão na tocaia para assumir o poder se unam em torno de um mesmo ideal, ou que simplesmente sejam apenas verdadeiros gremistas, ao menos por algum tempo, e que passem a desejar unica e exclusivamente o bem do clube.
A vaidade é grande e a visão turva não deixa enxergar a verdade: que todos os grupos que disputam o comando fracassaram – entre um e outro acerto – em suas tentativas de aplicar suas ideias e conceitos sobre gestão de clube de futebol.
E que a hora é de humildade para assumir seus erros e buscar a aproximação. A partir daí, encontrar os nomes mais capazes e habilitados a assumir o comando do clube na nova casa, marcando o início de uma nova era de vitórias e de crescimento do clube em todos os aspectos.
Para isso, é preciso que o caminhão de mudanças deixe para trás o chinelo velho, o colchão deformado, o rádio que só pega à tapa, a TV que só funciona com bombril na antena, e as dores de tempos ruins.
Enfim, que do Olímpico sejam transferidos apenas os ensinamentos dos vencedores do passado e as glórias imortais, inigualáveis e insuperáveis.