Sandro Silva, que tem conceito de bom moço, meteu-se numa confusão no Ape do Pilar, um bar que fica ali na Fabrício Pilar quase esquina com Quintino. Zona nobre.
Pelo que vi no site, é um lugar agradável, frequentado por belas jovens. Não é um lugar bagaceira. Não tem histórico de baixaria.
Mas sempre tem uma primeira vez.
Sandro Silva teria discutido com alguns frequentadores. É claro, tinha mulher no meio, conforme relatos. Ouve troca de socos. Pelo se que se sabe, o jogador entrou em confronto com três ou quatro sujeitos – gremistas?- Levou a pior, apanhou bastante, sofreu um corte na perna e escoriações leves.
O intrigante na história é que ele estaria acompanhado de Gilberto e Moledo. Os dois colegas, mui amigos, não teriam se metido na briga.
Quer dizer, viram o companheiro apanhar e não fizeram nada? Muito estranho.
O resultado é que Sandro Silva desfalca o time na estreia no Brasileirão. Um desfalque importante. Por isso, entendo o tom de voz pesaroso de alguns radialistas esportivos diante do episódio.
O fato é que é mais um incidente extra-campo envolvendo jogadores colorados.
Agora, diferente de Jô e Jajá, não chega a ser um ato de indisciplina, mas de qualquer modo é algo que a direção colorada deve analisar, porque afinal de contas é um profissional do clube, que recebe até uma verba polpuda como direito de imagem.
Então, o jogador de futebol, principalmente de grande clube, precisa ter consciência de que é uma figura pública e que, portanto, deve ter muito cuidados com seus atos também fora de campo e do horário de trabalho.
PUNIÇÃO
A direção colorada, não tenho dúvida, gostaria de aplicar uma punição exemplar em Jô, que é reincidente. Os vizinhos do jogador – acho que toda a torcida colorada – gostariam que o Inter rompesse o contrato e ele fosse embora. Teriam mais sossego.
Mas não é tão simples assim. O jogador tem os seus direitos, e eles parece que são infinitos. Os clubes, hoje, praticamente estão reféns dos jogadores.
O jogador, bem orientado, pode obter a justiça do trabalho, a liberação do seu vínculo, como aconteceu com Oscar. Ele sai, joga aonde quiser, e o clube fica ali chupando o dedo. Depois de algum tempo, em segunda instância, se descobre que o jogador não tinha razão, e que ele precisa voltar, etc.
Para se ver livre de Jô, o Inter teria que indenizá-lo em mais de 5 milhões de reais, o que corresponde aos quase três anos que ele ainda tem de contrato.
Perguntinha inconveniente: quem é o responsável por um contrato tão longo com um jogador que dificilmente tem mercado na Europa?
Se conseguisse livrar-se do Jô, o Inter bancaria facilmente a manutenção de Sandro Silva.
Aí, o Inter aplica uma multa sobre o direito de imagem. Pelo menos é o que dizem, tenho minhas dúvidas sobre a veracidade disso.
Punir um jogador porque não ficou triste após a derrota para o Fluminense e saiu pra fazer festa? Ah, parece que havia uma ordem para ninguém deixar a concentração. Castigo?
Era uma ordem por escrito?, pode indagar um advogado do jogador.
Jajá teria sofrido a mesma multa.
Os dois agora treinam separadamente. Cuidado, o mesmo advogado pode alegar discriminação.
Não quero dar uma de Wianey Carlet no caso Oscar, praticando ilegalmente a advocacia, mas acredito que esse risco existe. Os jogadores hoje estão blindados, protegidos.
Isso talvez explique o cuidado do gerente Fernandão, hoje, ao falar sobre os dois jogadores ‘punidos’. Fernandão fez questão de frisar que Jô e Jajá treinariam em separado para aperfeiçoar a forma porque ‘estão parados há quase uma semana”. Uma clara tentativa de não caracterizar a tal discriminação.
Afora essas questões delicadas juridicamente, o Inter ainda precisa tratar Jô com, digamos, algum cuidado especial. Afinal, é jogador do mesmo empresário que facilitou a vinda de Oscar para o Beira-Rio.
A saída, portanto, é encontrar um clube para Jô, um clube que aceite pagar os quase 2oo mil reais mensais que o jogador recebe para jogar o que vem jogando e apresentar o que vem apresentando.
Ser dirigente de futebol tem suas vantagens, mas também tem seus problemas.