É possível recolher coisas positivas até nos momentos ruins como os que acabaram determinando a derrota gremista por 2 a 1 contra um Vasco que teve, pasmem, Carlos Alberto jogando 9o minutos, e bem.
Por exemplo, eu poderia destacar aqui o gol anulado de Miralles. Depois, o pênalti que Moreno desperdiçou. Dois erros da arbitragem, o gol anulado e o pênalti inexistente.
Eu poderia enaltecer a pouca eficiência do ataque nas conclusões, e que me fez lembrar o Bayern contra o Chelsea no sábado, com o time inglês festando o título da Liga dos Campeões depois de tomar um banho de bola.
Eu poderia criticar o esforçado Pará, que não tem culpa de estar no Grêmio, por ter deixado Alecsandro cabecear sozinho e fazer o gol da vitória.
Poderia criticar o Luxemburgo por ter poupado alguns titulares, mas pensando bem os que entraram estão praticamente no nível dos titulares. Então, nada mudaria, talvez apenas a questão de entrosamento, o que é um dado insignificante porque o que faltou mesmo é qualidade nas conclusões. Sem esquecer que em São Januário o Grêmio normalmente se dá mal e desta vez até foi superior em campo.
Enfim, eu poderia ser, como dizem alguns, mais uma vez amargo e pessimista, se eu lembrasse aos distraídos que esse resultado, na Copa do Brasil, seria desastroso. Mas não vou fazer isso.
E sabem por que?
Porque neste domingo, na abertura do Campeonato Brasileiro, que teve o Inter confirmando seu favoritismo e batendo o misto do Coritiba, eu percebi que, apesar da derrota, injusta por sinal, o título da Copa do Brasil é possível.
Nem é pela atuação firme e determinada da equipe como um todo, apesar de algumas individualidades comprometedoras. Realmente, é inegável que o time parece mais seguro, mais confiante.
Ainda assim seria pouco para colocar o Grêmio em condições de brigar pelo título. É preciso algo mais. E esse algo mais eu verifiquei hoje.
É o começo do fim de Marco Antônio no time titular. Que rufem os tambores! Luxemburgo tem agora uma opção para a função de articulador, alguém que enxerga o jogo, que não se esconde e aparece para trabalhar a bola, que ousa e tenta o drible. Quem viu o jogo sabe de quem estou falando:
Rondinelly. O guri entrou com personalidade, não se assustou, não sentiu o peso da camisa, não se escondeu. Foi dele o passe para o gol de Fernando.
Uma luminosidade ofuscante na escuridão criativa do meio campo.
Luxemburgo também gostou, mas, como manda o figurino, foi discreto nos elogios. Afinal, como ele mesmo disse, trata-se de um jovem que ainda terá altos e baixos até atingir o ponto de equilíbrio. Rondinellu, prometeu o técnico, estará no banco contra o Bahia.
Mas é por pouco tempo. Ele é muito melhor que o titular, que ontem deu uma entregada no final daquelas que nem o Douglas ousaria. Na sequencia, para evitar o terceiro gol do Vasco, cometeu falta.
Repito o que escrevi aqui dias atrás. O título da Copa do Brasil, sem o Kleber e o Júlio César, e com MA de articulador, é impossível.
Agora, ‘para nooooossa alegriaaaaa’, os dias de MA estão contados.
Na vida, a gente precisa ter lucidez e sabedoria para perceber os sinais que apontam o rumo certo a seguir. Nem sempre esses sinais são facilmente visíveis.
Só espero que Luxemburgo perceba que a chegada de Rondinelly em cima do laço, ainda a tempo de inscrever na Copa do Brasil, pode ser um desses sinais de indicam o caminho do paraíso.