Grêmio vence apesar do juiz

Para vencer o único invicto do Brasileirão e ainda por cima com a defesa menos vazada, ambicionar mais do que uma vitória por 1 a 0 chega a ser um delírio, é pretensão demasiada.

E foi com um gol, numa das raras oportunidades que apareceram na área do Fluminense, que o Grêmio venceu. Cruzamento de Edilson, que não estava bem no jogo, Marcelo pulou com a zaga e a bola sobrou para Kleber, que dominou no peito e com muita categoria mandou para a rede.

O resultado foi justo. O Grêmio foi o time que mais buscou o gol, que mais teve ficou com a bola. Sem Deco, o Fluminense perdeu qualidade no meio de campo, que ficou inferior tecnicamente o setor do Grêmio. Por aí começa a se explicar a vitória: a superioridade no meio do campo.

Mesmo desfalcado, o Fluminense foi um adversário difícil, que teve a seu favor, ainda, uma arbitragem bastante prejudicial ao Grêmio. Na dúvida, a favor do Fluminense, ainda mais se fosse na área do time carioca. A expulsão de Kleber parece que foi para compensar a lesão do zagueiro Anderson, que deixou o Flu com um jogador a menos.

O fato é que Kleber não enfrenta o Coritiba. Nem ele nem Fernando e Souza, que receberam cartões amarelos muito severos, em lances banais.

Sem três titulares importantes, dois do setor vital do time, o Grêmio terá de superar-se. Será a chance de saber se Luxemburgo tem um grupo em condições de brigar pelo título. A resposta eu já sei: não tem. Mas há quem acredite em Léo Gago, Pará, Marquinhos, etc.

Eu imagino que Luxemburgo irá escalar Wilson de primeiro volante, com Gago de segundo, o que dá ao time uma boa consistência defensiva, mas uma qualidade de saída bola muito baixa. O esquema será bola pro mato que o jogo é de campeonato.

Outra coisa: o lado esquerdo do Grêmio é o setor mais fraco ofensivamente, não que o direito seja muito melhor. Abel Braga imitou Felipão: deixou o flanco direito de sua defesa livre para Pará receber a bola. Pará, a exemplo do que aconteceu diante do Palmeiras pela Copa do brasil, foi o jogador que mais tocou na bola, e o que menos soube o que fazer com ela, com a gorduchinha, como dizia um antigo narrador.

Defensivamente, Pará está bem, é valente, determinado, mas quando se trata de apoiar ele se torna quase uma nulidade. Várias vezes imaginei o que Júlio César faria com a mesma liberdade.

Tem gente que não sabe o que fazer com a liberdade.

Preocupa também o fato de que mais uma vez os decanos Zé Roberto e Elano foram substituídos na metade do segundo tempo. Marquinhos e Gago até que entraram bem dessa vez, ao menos não comprometeram. Foram úteis para segurar a vantagem, e isso é o que importa.

Foi a quarta vitória seguida. o Grêmio continua no G-4, e avançando. O jogo contra o Flu é o chamado jogo dos seis pontos.

INTER

O Inter também venceu. E também por 1 a 0, gol de Dagoberto. Somou os três pontos necessários para seguir na luta. Bom para Fernandão, que pegou dois adversários fracos na largada e soube tirar proveito disso. Há quem pegue times frágeis e ainda por cima perde. Fernandão venceu, apesar de mais uma vez não contar com alguns titulares. É um começo promissor. Continuo achando que foi um erro da direção optar por ele, mas isso só saberemos com o tempo.

OSCAR

Oscar foi vendido por 25 milhões de euros. É o que se especula. Ninguém confirma ou desmente esse número. Dirigentes do Inter deixam no ar que é isso mesmo. E insistem que o Inter fica com 50 por cento do valor, embora se diga que sejam 25 por cento.

Nessa época em que os salários de servidores são abertos, em que se briga por total transparência em tudo, por que os clubes não são obrigados a revelar o valor de suas transações? Qual é o problema?

Ninguém quer saber quanto Oscar vai receber, mas é justo que os valores de um negócio como esse e tantos outros sejam conhecidos.