Há dias em que fico nostálgico, saudosista. Penso nas coisas que vivi e sinto falta das coisas que não vivi.
Dia desses, o Chico Izidro, velho companheiro e parceiro do Correio do Povo, colocou no face fotos de festas de Natal que eu e ele organizávamos no CP. Lá estou eu lépido e faceiro, ainda com poucos fios de cabelo brancos, abraçado a belas colegas.
‘A saudade mata a gente, morena’, já dizia, com sabedoria, o compositor João de Barro, do tempo em que a música brasileira tinha um outro nível. Saudade também desse tempo.
No futebol, tenho saudade também de muitas coisas. Por exemplo, do tempo em que a gente iaa jogos no Olímpico ou Beira-Rio sem medo de alguma violência física. No máximo, um saco de urina na cabeça em Gre-Nal de estádio lotado.
Sinto saudade do tempo em que os jogadores ficavam anos num clube e com ele se identificavam.
Era um tempo em que a gente sabia que a opção de um treinador por este ou aquele jogador era por questões técnicas, físicas e/ou táticas. Nem se cogitava que pudesse ser por alguma coisa envolvendo dinheiro, algo obscuro, tramado na sarjeta e nos esgotos.
Da mesma forma, a indicação de algum jogador para contratar.
Eu vivi esse tempo como jovem torcedor que tinha como maior meta o título do campeonato gaúcho e depois como jornalista, aí projetando vôos mais altos, como o título nacional, a Libertadores e o Mundial.
Era um tempo de mais moralidade, ética e transparência. Em tudo, não apenas no futebol.
Sinto saudade desse tempo.
ENCURRALADO
Depois de ouvir a entrevista de Luxemburgo no final da tarde de sexta-feira, fui ao programa Cadeira Cativa, do Reche. Estavam lá o Chitolina e o Rui Costa, os homens do futebol gremista.
Antes de começar o programa, perguntei: vocês é que exigiram a escalação do time titular contra o Veranópolis? Foi assim mesmo de supetão. Percebi uma vacilada, coisa de fração de segundo.
– Não, claro que não, foi algo de consenso -, respondeu o Costa, que faz ótimo trabalho no futebol.
Não senti firmeza. Mas ficamos assim. O importante é que Luxemburgo anunciou o time titular para entrosar e também para garantir três pontos.
Afinal, depois da derrota para o Patolino, é bom ficar com uma carta na manga, o Gauchão.
Ah, Luxemburgo revelou que foi para a coletiva, que não era prevista, a pedido do pessoal da comunicação. Todos nós sabemos que esse pedido, ou ordem, vem lá de cima.
Portanto, Luxemburgo foi obrigado a explicar certas coisas, desfazendo esse história de que ele é quem manda.
Para justificar o injustificável – a opção por Adriano – chegou a revelar que Fernando passa por problemas pessoais, o que é verdade.
Já passei por problema semelhante e segui trabalhando.
Se o técnico estava realmente preocupado em preservar Fernando, que não o colocasse no banco. Estando no banco, Fernando, que estaria meio perturbado com o problema, poderia entrar a qualquer momento. Na mesma entrevista, o técnico falou que Fernando, naquele momento ainda sob efeito do seu problema pessoal, estava relacionado para o jogo deste domingo.
Enfim, Luxemburgo saiu de seu pedestal, mas manteve a empáfia habitual, como ironia e tom de deboche.
Quem sabe desse episódio não resplandece o velho Luxemburgo multicampeão, mais humilde, e principalmente mais focado apenas em armar o melhor time, sem bruxismo?
É preciso acreditar. Mais do que nunca é preciso acreditar.
BARÃO DE ITARARÉ
Fluminense anuncia retorno de Deco, depois de três meses.
Lembro da frase do Barão:
Tudo seria fácil não fossem as dificuldades.