Arena merecia um primeiro Gre-Nal melhor

O empate por 1 a 1 foi frustrante. Pra mim, ficou um gostinho de quero mais.

Não que o resultado tenha sido injusto.

Pelo futebol que jogaram, com mais pontapés, encontrões, puxões, do que qualquer outra coisa – foram 59 faltas marcadas, fora as ignoradas pela arbitragem – nem Grêmio e muito menos o Inter merecia vencer.

Foi um jogo ruim tecnicamente, feio mesmo, conforme frisou o atacante Kleber, pra mim o melhor do Grêmio. O melhor no sentido de que lutou muito, fez algumas jogadas, foi participativo. Enfim, incorporou a raça gremista. Kleber foi o melhor ainda nas entrevistas e análises pós-jogo.

Quando digo que ficou um gostinho de quero mais é porque mais uma vez vi faltar qualidade e criatividade do meio para a frente, em especial no acabamento das jogadas.

O Inter também errou na frente, mas o Grêmio, que ficou mais tempo com a bola nas imediações da área rival, foi impreciso no antepenúltimo e no penúltimo passe, sem falar nas raras conclusões efetivas.

Quando vi Elano errando bolas fáceis, pensei se ele com sua experiência e sua técnica erra lances simples, o que se pode esperar dos outros?

No final, o resultado ficou melhor para o Inter, que visivelmente não tinha pressa nas reposições, deixando claro que o empate seria um resultado satisfatório.

Objetivo atingido.

BARCOS e BATISTA

Vi que uns e outros escolheram Barcos o melhor do Grêmio. Futebol é isso, cada um vê à sua maneira.

É como o comentarista Batista, da RBSTV, que continua vendo futebol com uma lente vermelha, o que o impede ser imparcial. São vários exemplos nesse jogo. Fico com o lance em que Adriano faz falta por trás em D’Alessandro e leva corretamente o amarelo. O argentino se estrebucha no chão, parece que quebrou uma costela e fraturou as duas pernas. Em seguida, Pará leva uma entrada também de amarelo e se esparrama no gramado, gritando, gemendo. Lances semelhantes, com ambos os jogadores agredidos valorizando. Mas Batista cita apenas a encenação de Pará. Até que ele se dá conta – alguém deve tê-lo alertado – e volta para completar que ‘foi mesmo falta para cartão amarelo’.

Sobre o Barcos, outra atuação decepcionante. Jogou um pouco melhor do que vem jogando, mas continua devendo, e muito. Com ele de centrovante o Grêmio sempre terá muita dificuldade para fazer gol.

Hoje, só fez porque Kleber arriscou um lance individual e encontrou um Willians precipitado para calçar seu pé dentro da área. Fora isso, talvez o Grêmio estivesse até agora jogando sem marcar gol.

E na cobrança de Barcos, meio telegrafada, quase Muriel defende.

ARBITRAGEM

Fabrício foi melhor do que eu esperava. É que eu esperava uma calamidade. Isso está registrado em comentário anterior.

Houve erros para os dois lados. Concordo que Adriano poderia ter levado um segundo cartão amarelo. O mesmo talvez em relação a Bressan. Mas acho que Willians também poderia ter levado o segundo amarelo ao cometer o pênalti. Sem ele, a jogada do gol de empate, feito por Damião, não aconteceria. Aliás, grande jogada, na qual Adriano participou e só não cometeu falta porque já estava amarelado. Então, uma coisa puxa a outra.

Agora, somando e diminuindo, Fabrício foi bem. Diria até que ele foi melhor que os dois times. Dou nota 7 pra ele e seus auxiliares. Para a dupla, nota 5.

D’ALESSANDRO e o GAUCHÃO

É importante destacar que a arbitragem contou com um integrante inusitado: D’Alessandro.

Mais um pouco, ele saca o apito de Fabrício. Fosse com um juiz de fora do Estado, ele com certeza seria mais comedido. Mas com Fabrício ele até tem uma certa intimidade – aquele abraço no Gauchão os aproximou.

Há quem estranhe o excesso de críticas à arbitragem de Fabrício.

Tudo muito previsível. De tão beneficiado que foi no Gauchão, qualquer coisa que saia do figurino gaudério perturba dirigentes e jogadores colorados.

Só faltou alguém lamentar ao microfone: “No Gauchão não era assim”.

E não era mesmo. Em 90 minutos de Gre-Nal pelo Brasileiro, dois colorados expulsos.

Realmente, no Gauchão era diferente.

No Gauchão do Noveletto, em toda a competição: unzinho sequer.

Realmente, para quem não está acostumado aos rigores da lei, é duro.

DUNGA

O maior erro do Gre-Nal foi cometido por Dunga.

Dunga está fazendo um trabalho muito no Inter, sem dúvida. Mas, no intervalo, ele errou ao deslocar Jorge Henrique para a lateral-direita, um setor que o Grêmio havia explorado muito no primeiro tempo e continuou explorando. O meia-atacante, que até já foi aproveitado na lateral, foi o furo na defesa colorada.

Ele levou dois cartões amarelos em menos de 20 minutos e foi expulso.

Não fosse a incompetência ofensiva do Grêmio, esse erro de Dunga teria sido fatal.

RENATO

Antes do jogo, eu escrevi que queria um Grêmio monolítico, germânico na aplicação e determinação. Defendi três volantes. Renato optou por três zagueiros. Talvez até porque Souza ainda não esteja em plenas condições.

Como escrevi, eu sabia que o ataque gremista criaria pouco, repetindo o que fez na maioria dos jogos. Portanto, defendia que seria preciso ao menos garantir atrás, e tentar aproveitar as poucas chances que fossem surgir.

No final das contas, Grêmio e Inter foram muito parecidos. Firmes atrás e inofensivos na frente.

E quando as defesas se destacam, o jogo normalmente é ruim.

O fato é que a Arena merecia um primeiro Gre-Nal melhor, conforme avaliou Kleber com uma lucidez impressionante.