A vontade, a determinação, a obsessão pela posse de bola e uma indignação poucas vezes vista diante do resultado adverso é que levaram o Grêmio a vencer o Santos.
Mais uma vez o Grêmio foi um marcador implacável, com seus jogadores – todos eles, com exceção de Dida – pareciam cães famintos disputando um pedaço de carne.
No primeiro tempo, o Santos quase não conseguiu respirar. Mesmo assim, deu algumas estocadas perigosas, todas puxadas por Montillo, que costuma jogar o que nunca joga exatamente contra o Grêmio. Sua lesão ainda no primeiro tempo foi muito importante para a vitória. Não tenho dúvida disso.
O Grêmio pouco criou. O goleiro Aranha, a exemplo dos goleiros que enfrentaram o Grêmio, quase não trabalhou. Não lembro de nenhuma defesa difícil dele, sinalizando que o sistema ofensivo do time cria pouco, apesar do volume de jogo, do domínio de meio de campo e da presença constante nas proximidades da área adversária. Agora, é importante frisar a eficiência da defesa santista nesta noite na Arena.
Assim, com um meio campo forte e competitivo, mas nada criativo, foi preciso muita insistência e o elemento surpresa para furar o bloqueio do Santos.
No segundo tempo, com o placar imóvel no 0 a 0 e os minutos voando, nada parecia indicar que o gol sairia.
Foi então que Souza – tão criticado por alguns – descolou-se da grande área defensiva e foi, imbuído de indignação diante do resultado desfavorável, foi ao ataque. Encontrou Barcos e continuou correndo na esperança de uma bola que poderia lhe ser jogada dentro da área.
Barcos avançou sobre seu marcador e rolou para trás, onde encontrou Souza, que, premiado por acreditar, mandou a bola para a rede. O volante gremista chorou ainda antes de ser envolvido pelos companheiros.
– Chorei de alegria. Fiquei um tempo afastado por lesão, estava fora do time e agora estou voltando. O gol veio em boa hora para o time -, contou Souza, que vinha sendo alvo de críticas constantes de uma parcela da torcida.
Depois o do gol, o Santos abriu-se mais. Renato ainda esperou um pouco para sacar um volante, Riveros, e colocar Maxi Lopez. O uruguaio entrou muito mal. No primeiro lance, foi obrigado a interromper um contra-ataque e levou o amarelo. Seguiram-se minutos de um desempenho preocupante. Cheguei a pensar que talvez Biteco fosse a melhor opção, mas é fácil pensar assim depois de ver o uruguaio fracassando. O Santos cresceu. Foram dez minutos tensos.
Aos poucos, o Grêmio reassumiu o controle do jogo. Maxi passou a aparecer bem na frente, mas ainda sem brilho. Até que Pará fez a jogada pela direita, tocou para Maxi, que meteu com perfeição para o lateral cruzar rasteiro e encontrar outro elemento surpresa na área santista. Werley, sem marcação, dominou e chutou com precisão no canto direito de Aranha.
Um pouco antes, eu questionava – e acho que muitos fizeram isso -, porque Renato não saca um zagueiro e coloca outro atacante? Werley foi o atacante na hora certa.
Foi uma grande vitória sobre um adversário aplicado, retrancado, mas sempre muito perigoso nos contra-ataques.
Uma vitória que fez lembrar o Grêmio dos anos 90, um Grêmio que ganhava muitas vezes pela insistência, pela perseverança.
O time inteiro foi bem, mas eu destaco alguém que sempre critiquei duramente e que venho elogiando nos últimos jogos: Pará. Renato, que fez Gabriel – entre outros – jogar em 2010, repete a dose com Pará, hoje um jogador mais confiante, mais seguro de si, que ousa e agora acerta.
Pará o melhor do Grêmio nessa vitória que classifica o Grêmio na Copa do Brasil.
Mais um mérito de São Portaluppi.