Meio da tarde desta sexta-feira, véspera do MazembeDay. Toca o celular. Olho pra tela do aparelho. Está lá escrito:
Ricardo Worthman. RW é um prego no sapato de boa parte da imprensa esportiva.
A voz rouca do RW tem um tom beirando ao desespero. Não, desesperada mesmo:
– Ilgo, estão falando demais que pode ser o Celso Roth. Me diga que não é o ‘treinador trabalhador’. Quatro Corneteiros da Redenção já morreram só com essa possibilidade, um está na UTI e dois foram vistos no aeroporto rumo ao Congo.
O RW sempre é muito exagerado, mas dessa vez fiquei preocupado.
– Se vier o Roth também vou para o Congo. Tenho muitos admiradores lá, mais de quinhentos, desde que lancei as cervejas Mazembier e Kidiaba. Tenho certeza que serei bem recebido pelos congoleses – brinquei.
– A IVI só fala no Roth, que de repente ganhou dezenas de admiradores na mídia.
Lembrei-me na hora do Macedo e do Benfica na rádio Gaúcha, ontem, quinta-feira, no Chamada Geral. O Macedão dizia que a rejeição ao Roth é muito forte, e que havia sido assim em 2010, quando ele veio para substituir Fossati. Mas que o Roth acabou fazendo um bom trabalho e acabou sendo campeão da Libertadores. Fiquei esperando que ele ou o LHB lembrasse que meses depois Roth participou do Mazembaço no Mundial. Nada. Ficou no ar apenas a conquista da Libertadores, título que Roth herdou de Fossati.
– Érre-Dabliu, estou começando a ficar preocupado. Vou atrás de informações.
Bem, dei alguns telefonemas.
Antes de passar o que descobri, quero confessar que estava pensando que o Grêmio estaria usando a tática do bode na sala. Quer dizer, deixa vazar alguns nomes na mídia, todos nomes fracos e/ou com alto índice de rejeição, para depois confirmar Renato, que aí seria saudado por seus críticos.
Primeiro, o Gilmar; depois, o Enderson. Nenhum deles tem condições, com todo o respeito, de assumir um Grêmio na Libertadores. Portanto, especulações sem qualquer fundamento.
A terceira já é mais preocupante: Roth. Preocupante porque Roth tem admiradores confessos e outros, em maior número, discretos, que só saem do armário rothiano com muita insistência e ainda assim com frases curtas com elogios contidos e moderados.
Alguns desses admiradores digamos, reprimidos, estão no Grêmio e podem influenciar na decisão. Numa reunião, em tom baixo, quase inaudível, um deles ousou desabrochar, perguntando:
– E por que não o Roth?
Ele pensou que seria vaiado, já pensava até em esconder-se debaixo da mesa. Mas, surpresa!, a ideia recebeu adesões. Sem muito entusiasmo, também porque ninguém pode ser tão louco. Ou pode?
O fato é que Renato estaria pedindo em torno de 600 mil por mês. Tite, o nome preferido, quer mesmo descansar seis meses na esperança de ser chamado para a Seleção após o Mundial.
Fora esses dois, restam apostas que eu considero de risco, de alto risco. Na verdade, qualquer treinador tem o risco de fracassar, faz parte. Alguns com risco maior, e esses são os disponíveis no mercado no momento.
Não há um nome mais confiável para encarar uma Libertadores. Ah, e que aceite ganhar ‘apenas’ 300 mil mensais, mesmo com premiação milionária em caso de título.
O Celso Roth aceita. Por isso, o nome dele ganha corpo e fomenta debates calorosos nos botecos.
Botequeiros e os Corneteiros da Redenção, os que estão sobrevivendo à base de Bardhal B-2 e álcool Zepellin, estão nervosos, tenso, raivosos.
– Roth não!
Diante disso, consultando as bases e após uma longa conversa com os meus botões, decidi criar o movimento ROTH NUNCA MAIS.
Se é para perder a Libertadores antes mesmo de ela começar, que seja então com um treinador que tenha a simpatia da torcida gremista, o Valdir Espinosa. Pelo menos com o técnico campeão do mundo de 1983 as chances de vitória são maiores, e não há risco de repetir um mazembeday ou de que algum garoto talentoso seja ofendido com palavrões.
Fora ele, sugiro o nome de Paulo Bonamigo, que anda lá pelas arábias, onde é amigo do rei, do imperador, do sheik e tudo mais.
Mas nem todas as notícias ou especulações são ruins.
O preparador físico deve ser Fábio Mahrseredjian, a despeito da campanha em favor do Paulo Paixão.
Mahrseredjian, um grande reforço. Com ele poderia vir o Tite. Esta é a boa notícia.
Agora, a ruim: ele foi campeão da Libertadores em 2010 com… Roth.
É preciso agir.