O presidente Fábio Koff está na fase semifinal do seu grande campeonato: ter o controle pleno da Arena. Desde que assumiu, além de carregar o peso de uma década de decepções e frustrações do time em campo, Koff trabalha obcecadamente para mitigar os efeitos danosos do contrato que levou à construção da majestosa Arena.
Koff entrou em campo com fogo nos olhos ao descobrir, logo nos primeiros dias, quando ele, como presidente do clube, teve dificuldades para entrar na nova casa gremista. Este e outros fatos ainda mais alarmantes o levaram a declarar que a Arena, na realidade, não era do Grêmio. Os mais sensíveis, os ufanistas e os alienados ficaram chocados. Como assim?
Foi duro de ouvir, admito, mas era necessário que a torcida soubesse que a OAS mandava e desmandava na Arena, para entender que ali começava um outro campeonato, mais difícil que qualquer Libertadores: a conquista talvez do maior título da história do Grêmio, a conquista da Arena.
Depois de várias etapas, todas muito espinhosas, Koff e sua diretoria foram avançando no jogo travado fora de campo, onde vale tudo, até carrinho por trás e voadora como as que o Leandro Vuaden eventualmente deixa impunes quando praticadas por algum colorado em Gre-Nal.
Um jogo muito difícil, derrota iminente, mas em campo está Koff, o presidente multicampeão, o homem que conseguiu multiplicar a verba de televisão dos clubes em desgastantes negociações com a TV Globo nos anos 90, na condição de presidente do Clube dos 13, hoje, sem ele, uma entidade amorfa, domesticada.
Se em campo os resultados se mantinham ruins, nos gabinetes o Grêmio, praticando um jogo convincente e firme, avançava lenta e gradualmente.
Para isso, conquistou um aliado tão valioso quanto inesperado: a própria OAS.
A empreiteira já percebeu que essa história de erguer e administrar arenas é mais complicado do que construir pontes, estradas, prédios, etc
Enfim, a Arena descobriu que esse negócio de Arena não é exatamente a sua praia.
Chegamos ao que interessa: a OAS já concorda em entregar a Arena a quem de direito: o Grêmio.
Se tudo der certo, o torcedor gremista terá de novo uma casa para chamar de sua.
Mas há obstáculos a serem superados. O jogo é mais difícil que uma final de Libertadores contra o Boca, na Bombonera, com arbitragem argentina e o Chico Noveletto como observador da Conmebol.
A OAS num determinado momento admitiu a hipótese de continuar pagando o BNDES: total de 200 milhões aproximadamente. Mas recuou.
O restante o Grêmio pagaria para a OAS, mensalmente, até completar os 20 anos do contrato.
O problema, agora, é conseguir quem assuma o débito do financiamento, o que não pode ser feito por clube de futebol.
Como eu disse lá no início, o clube está na semifinal de uma disputa que pode ser considerada a mais dura de sua história.
O troféu é gigantesco, monumental, suntuoso: a Arena. A Arena – realmente – do Grêmio.
Vale a pena lutar.