Grêmio sofre com desfalques e titulares ineptos

Quem ouviu os programas esportivos nesta quinta-feira ficou com a sensação de que o Grêmio é um ‘barcos’ afundando. Ao mesmo tempo, ficou convencido de que o Inter navega num lago sereno, próprio para a prática do stand up.

O Grêmio realmente não foi bem em Recife, onde sempre é complicado jogar, mas o Inter não foi tão bem assim. Venceu, mas teve dificuldades diante do esforçado grupo da Chapecoense – forte candidata ao rebaixamento.

A maioria dos analistas esportivos está levando livre o Inter e pegando pesado com o Grêmio, apesar de apenas um ponto separar um do outro na tabela de classificação.

Está certo que Abel Braga está mandando a campo um time bastante desfalcado, e isso contribui para amenizar as críticas. Agora, o próprio técnico destacou que o time foi mal contra a Chapecoense, algo que pouco se ouviu nos debates.

Contra o Sport, o Grêmio também teve desfalques. A começar pelo melhor jogador do time na temporada, Rodolpho, que está fora há vários jogos. Poderia citar aqui o lateral Wendell, mas este não volta mais. O problema é que em seu lugar está jogando Breno, um jovem muito promissor, mas ainda não preparado para assumir a titularidade.

No meio de campo, faltaram Ramiro e Riveros. Parece pouco, mas não é. Esses dois são volantes titulares, base do setor. Edinho até pode ser escalado no lugar de um deles, mas é muito mais pelo nome do que por futebol.

MEDALHÕES

E não há dúvida de que o currículo e as faixas no peito pesam na hora de definir a escalação. A opção de Zé Roberto – volante em tempos remotos – em fez de Matheus Biteco – mais afeito ao combate e ao ritmo atual do futebol – indica que o técnico Enderson, como a imensa maioria dos treinador, é sensível a um carteiraço.

Outro indicativo disso foi a troca de Dudu por Kleber, completamente fora de forma, tendo alternativas melhores para o momento no banco. Entre elas, Maxi Rodriguez, o homem dos gols bonitos e de uma intrigante instabilidade técnica.

Por 15 minutos, tivemos, então, a volta de dupla que provoca calafrios em qualquer gremista com bom senso: Kleber e Barcos.

Eu ainda relaciono Luan como titular. Mas agora, com a volta de Kleber, desconfio que o técnico não terá peito de colocar um dos dois medalhões ineficientes em campo.

Seria caso de demissão sumária, mas isso deveria ter acontecido após a eliminação na Libertadores, e, principalmente, após os 4 a 1 no Gre-Nal. Mas, como disseram na ocasião os doutos do futebol gremista, não se pode tomar decisões de cabeça quente.

RECUPERAÇÃO

Se o sr Enderson não estivesse tão temeroso de perder o cargo e conseguisse ficar imune aos medalhões, eu defenderia sua continuidade. Mas desconfio que ele já foi tragado pelo vestiário, até porque lhe falta um apoio mais forte e consistente da ‘dupla dinâmica’ do futebol tricolor. Sem contar o distanciamento que percebo, e posso estar equivocado, do presidente Koff dessa zona de conflitos.

Não responsabilizo o ex-técnico do Goiás. Ele não tem culpa de ter sido contratado para o desafio da Libertadores, muita areia para o caminhãozinho dele.

Ele não tem culpa de ter entrado na competição prioritária do clube e da torcida com apenas um centroavante, e um centroavante que não é exatamente um centroavante. E também com Pará irritantemente titular por tanto tempo.

Para concluir, sem reforços de nada adiantará trocar o treinador, uma solução, hoje, simplista, que serve apenas para tirar da reta a responsabilidade dos verdadeiros responsáveis por esse período de turbulência e dúvidas sobre as possibilidades do Grêmio no Brasileirão.