Contra time que está iluminado é sempre assim. O adversário cria as melhores oportunidades, mas acaba perdendo o jogo num vacilo qualquer.
Foi o que aconteceu com o Grêmio, um time em busca de si mesmo, contra um Cruzeiro que se encontrou há quase dois anos.
O gol do Cruzeiro nasceu de uma tentativa de drible de Luan, que perdeu a bola para Dedé. O zagueiro avançou livre como se estivesse na Avenida Ipiranga num domingo de verão, com todos os sinais na cor verde.
Ele avançou até perto da área e viu Dagoberto sem marcação. Quando Dagoberto cabeceou ele tinha o pequeno Pará à sua frente e Werley observando o lance como se fosse um torcedor em lugar privilegiado. Até ali, Werley e Pará haviam feito grande partida. Mas já é costume um vacilo deles em algum momento. Ainda mais contra um time iluminado.
E o gol só poderia ser de Dagoberto. Quando o Grêmio contratou Kleber, Dagoberto estava à disposição. Escrevi que o melhor seria contratar Dagoberto, até para evitar que ele continuasse fazendo gols no Grêmio. Não me leram nem ouviram e ele segue fazendo gols no Grêmio. E será assim até que abandone as chuteiras.
De positivo, a atuação digna do Grêmio. Felipão armou um esquema de marcação forte para neutralizar esse ataque rápido do líder e ainda contou com a alternativa de contra-ataque, basicamente através de Dudu. Aliás, Dudu foi o melhor do time. Criou as melhores chances de gol do jogo e ainda cavou cartões amarelos.
Já Luan decepcionou. Ele teve alguns bons momentos, mas poucos diante dos erros e de bolas perdidas por excesso de individualismo. Mesmo assim, é titular do time, porque tem lampejos geniais, e com certeza tem muito a evoluir.
No finalzinho, Luan foi atropelado no meio de campo por Dedé. O zagueiro levou amarelo. O mas o que me chamou a atenção e me deixou satisfeito foi Alán Ruiz partindo para cima do zagueiro, cobrando a falta grosseira sobre Luan. Há muito que não via isso no Grêmio. Essa indignação.
O jovem Ronan, escalado de última hora em função de lesão de Lucas Coelho, sucumbiu pelo seu próprio nervosismo e também porque era marcado por uma boa dupla de área, Dedé e Léo. Merece novas oportunidades.
Outro destaque do time foi Felipe Bastos. Jogou muito. É inteligente, ótima técnica, visão de jogo, incansável na marcação. Faltou a Felipe melhor companhia na transição defesa/ataque. Mais do que um volante, é um articulador.
O importante é que o Grêmio perdeu um jogo ‘perdível’. Afinal, era o líder do campeonato, o melhor time do campeonato, e jogando em sua casa, diante de sua torcida.
Resta agora aperfeiçoar detalhes e começar a somar pontos nos jogos ‘vencíveis’.
Mas, acima de tudo, jogar todas as fichas na Copa do Brasil.