Os dois felipões

Existem dois Felipões?

Sim, existe o Felipão do Grêmio e o da Copa. Aquele todo deslumbrado, mais envolvido como comerciais de TV do que com essa chatice de armar esquemas táticos e estratégias para neutralizar os adversários. Uma chatice.

Aí, o que fez Felipão? Colocou em campo um time para alegrar o pessoal lá de cima, esse que gosta de um futebol faceiro, dito ofensivo. Um futebol pra frente usando a qualidade ímpar e a malícia do genial futebol brasileiro.

Cansei de escrever e alertar que o Felipão da Copa não era o verdadeiro Felipão. Era um clone, um genérico de laboratório de fundo de quintal.

E antecipei que com aquele esquema que faz a alegria dos rivais bem estruturados, com equilíbrio entre defesa, meio-campo e ataque, quase sem distinção entre os três setores, como um bloco sólido, e ao mesmo tempo versátil, o Brasil não iria longe. Claro, jamais suspeitei que o final seria trágico.

Não tenho bola de cristal. Apenas consigo detectar, através de observação e análise desapaixonada, que a coisa está mal e que pode ficar pior.

Lembro disso só porque o Parreira teve a ousadia de dizer num programa de Tv do centro do país que o Grêmio agora repete a seleção da Copa. Tal afirmação apenas reforça o que penso de Parreira e que deixei bem claro há muitos anos. Pra não me estender, digo apenas que o considero um enganador sortudo. Tem muitos por aí.

Não é o caso de Felipão. O Felipão verdadeiro, esse que assumiu o Grêmio com humildade, disposto a voltar às suas origens futebolísticas, firmadas na década de 90 e que aos poucos foram esquecidas, culminando com a humilhação recente, sempre lembrada em todas as entrevistas pelas hienas de plantão.

Assim como tem inúmeros admiradores, Felipão conquistou secadores em profusão.

Uns o consideraram ultrapassado. É fácil rotular as pessoas. Difícil é reconhecer erros de avaliação e precipitação.

Sobre isso, recorro a um texto muito bom que está em www.ricaperrone.com.br/ultrapassado.

O fato é que Felipão voltou a ser Felipão, sem frescuras.

Este Grêmio, que não tem nada a ver com a seleção, tem a cara de Felipão, a cara da seriedade, da determinação.

A cara de quem não se entrega e não leva desaforo pra casa.

E raramente toma gol.

GROHE

Já há algum tempo, curiosamente no momento em que o Grêmio foi ajustado pelo Felipão depois do ciclone Enderson ter varrido a Arena, tem um pessoal aí que só faz elogiar Marcelo Grohe e indicar seu nome para a seleção.

A pior coisa que poderia acontecer agora seria a seleção desfalcar o Grêmio de seu goleiro, um dos principais responsáveis pelo crescimento do time, que só não está melhor classificado por dois motivos: Grohe não faz gols e Felipão chegou quase no meio do caminho.

Portanto, pra mim, Grohe não passa de um frangueiro com sorte.