Memorável a noite de ontem, quando corneteiros e botequeiros se encontraram no Bar do Beto para falar sobre futebol e jogar conversa fora.
Para não desafiar os astros, ninguém tocou no nome de São Portaluppi, e também não se falou sobre política, corrupção, etc.
Por isso, o encontro transcorreu tranquilo, com quitutes, cervejas, refris e os tais chopes cremosos do David.
Logo no começo das atividades chegou o Nestor Hein, que, entre outras coisas, contou detalhes do seu julgamento no famigerado tribunal esportivo do Rio. Primeiro, que os auditores ficaram surpresos, porque não esperavam que o dirigente gremista tivesse a ousadia de aparecer. Eles não conhecem o Nestor, que disse outras verdades na lata deles antes de ser condenado. Mas com pena inferior a que estava prevista.
Nestor adiantou pontos de sua estratégia para defender Felipão no caso “Chico Colorado”. Se ele fizer metade do que falou, será um julgamento imperdível.
A imprensa gaúcha também entrou na pauta. Não de maneira lisonjeira, como vocês podem imaginar.
Lá pelas chegou o Baideck. O Nestor já havia saído, feliz por encontrar cornetas solidárias.
Bem, o Baideck, grande zagueiro campeão do mundo, hoje um bem-sucedido empresário, mostrou-se simpático e humilde. Transmitiu a impressão de que fazia parte do grupo desde sempre.
Falou com naturalidade e espontaneidade sobre vários assuntos, alguns picantes, tão perturbadores que não podem ser registrados no papel, nem gravados, claro.
Em determinado momento, Baideck fez um relato de sua trajetória, desde o início, aos 16 anos, em Erechim. Uma história de luta e de perseverança. Contou dos jogos em que atuou lesionado, no sacrifício, por amor ao Grêmio. Sim, falou de um tempo em que os jogadores profissionais tinham apreço, gratidão, respeito e carinho pela camisa que vestiam.
Percebi emoção na voz de Baideck e nos olhos de corneteiros e botequeiros em determinados momentos.
Afinal, estávamos diante de um profissional que trabalhou, como atleta, com alguns dos principais nomes da era moderna do futebol: Ênio Andrade, Telê Santana, Rubens Minelli, Espinosa, Felipão, e talvez mais algum que não me lembro agora.
Sim, falou também de sua relação como empresário com o famoso Mourinho. Explicou por que os técnicos brasileiros fracassaram na Europa. Em síntese, questão de metodologias ultrapassadas, como treinamentos coletivos, lá ignorados.
Mostrou-se impressionado com o uso massivo do vocábulo ‘volante’ nos programas esportivos. “No futebol europeu se usa médio defensivo, médio armador e médio ofensivo”, foi mais ou menos isso que falou Baidek.
Por fim, ele revelou-se confiante no trabalho que está sendo feito pela diretoria do Grêmio. Elogiou muito Cristian Rodriguez.
Lá pelas tantas, falou-se em D’Alessandro. Baideck o elogiou, diz que conversa com o argentino, que é gente bola e coisa e tal, mas…
“Comigo o furo seria mais embaixo”, comentou o ídolo gremista, abrindo um sorriso ao sinalizar como marcaria o meia colorado.
A primeira imagem que me ocorreu foi a do argentino jogado no alambrado de um campo embarrado do interior, olhos esbugalhados, pedindo clemência.
Enfim, uma grande noite. Quem foi, foi…
‘TRAIRAGEM’
Soube por uminformante, que fui corneteado depois que fui embora. O que é natural numa mesa de corneteiros. É que lá pelas tantas perguntei ao Baideck sobre onde anda um determinado jogador do final dos anos 70, início dos 80. Baideck respondeu: ele virou o fio. Eu entendi na hora, mas de tão perplexo insisti: “Como assim, virou o fio?”. Eu não acreditava que o jogador havia virado gay. Baideck foi mais didático e até usou uma expressão portuguesa para homossexual: “Virou paneleiro”.
Diante disso, o pessoal pegou no meu pé porque eu deveria ter entendido logo do que se tratava. É que realmente foi uma surpresa grande demais saber que esse jogar havia ‘virado o fio’.
Na próxima vez serei o último a ir embora… rsrsrs
LEGENDA DA FOTO:
Em pé, à esquerda do Baideck: RW, Renato, Ricardo A. e Adriano