O Grêmio, mesmo com time misto, tinha obrigação de vencer o São José no Cristo Redentor. Era um misto bem quente, inclusive com alguns reservas que, segundo alguns, deveriam ser titulares, como Júnior, Wallace, Éverton e, especialmente, Mamute.
A vitória poderia ter sido encaminhada ainda no primeiro tempo, quando o time foi superior, apesar do susto inicial. O Grêmio teve condições de matar o jogo. Mas não o fez.
Aliás, essa é uma rotina do Grêmio: atacar, criar chances de gol, algumas muito claras, e desperdiçá-las. Foi assim no meio da semana contra o pobre Campinense. Tem mais. O sistema defensivo tem se mostrado frágil quando realmente pressionado. Foi o que aconteceu em São Leopoldo e também em Campina Grande.
Está certo, o Grêmio tem a defesa menos vazada, mas pra mim está claro que o time não sofreu mais gols por imperícia dos adversários. Contra adversários de maior porte, como o Inter, numa eventual decisão, será preciso muito mais cuidado.
Mas, acima de tudo, é preciso deixar de lado o preciosismo que se percebe na hora das conclusões a gol, na maioria delas. Felipão até tocou nesse assunto. São jogadas em que é possível chutar a gol e o jogador prefere um passe ‘genial’, ou mesmo chutes colocados em vez de uma cacetada. Ou ainda demora para concluir em função de um toque a mais na bola, permitindo o desarme. Até já havia escrito sobre isso.
Contra adversários mais qualificados essa frescura pra concluir e esses vacilos defensivos podem custar muito caro.
Em resumo, o desempenho geral do time não foi bom.
Por mais que isso seja insuportável para alguns, preciso enfatizar que Rodolpho faz falta. Seu companheiro pode ser Geromel ou Erazo. Em princípio, Geromel.
Na lateral-direita vi um Matias Rodriguez preocupante. Com esse futebol não pega nem a lateral do meu Avenida, infelizmente rebaixado de novo.
Na lateral-esquerda, Júnior teve bons lances, mas, decididamente, é banco do Felipe Oliveira.
Wallace voltou e mostrou que pode ser titular do Grêmio um dia. Tem um baita potencial, mas hoje eu prefiro o PGV, o Pequeno Grande Volante. Felipe Bastos – que disputa com Léo Gago o título de 171 como chutador de média e longa distância – até pode ser titular, mas num esquema com três volantes. A posição é do Maicon.
Nas meias, Giuliano e Douglas seguem titulares. Com o tempo, Douglas deve perder a posição, por mais que o considere um jogador de alta técnica, um cara que não se esconde e que ajuda, com sua experiência, os novatos do time. É o tiozão.
Giuliano não foi bem. Penso que ele é um dos alvos das farpas de Felipão, que criticou a imprensa por encher demais a bola de alguns jogadores do time.
Mamute foi muito festejado nos últimos dias pela imprensa. Há até alguns analistas querendo que ele jogue como titular no lugar de Braian. Curiosamente, os tais jornalistas são colorados. Mas o fato é que Mamute, a meu ver, não sentiu os efeitos do oba-obra. Foi guerreiro, efetivo e participativo. Mamute só não foi o que ele nunca será: um matador. Um pena que em sua melhor jogada ele não tenha feito o gol. Um lance em que ele driblou para dentro, pela esquerda, e acertou a trave.
Mamute pode ser um bom companheiro para Braian. Mas aí no momento disputa com o craque do time, Luan. Luan, com mais alguns jogos, estará pronto para assumir até a posição de Douglas, abrindo caminho para Mamute ou Lincoln na frente.
Bem, Felipão tem agora uns dias para ajustar melhor o time para o jogo contra o Novo Hamburgo, quinta-feira, na Arena. É jogo de vida ou morte. O Grêmio é favorito, mas o NH conta com jogadores experientes e pode complicar, ainda mais se o time continuar enfeitando jogadas na frente e vacilando atrás.
RACISMO
O Inter poderá ser julgado pelo ato de racismo verificado no BR no caso Fabrício. Penso que o julgamento deveria ser antes da rodada eliminatória, porque haveria o risco de o Inter perder seis pontos. É claro que isso não vai acontecer. Não na federação comandada por um sujeito como Chico Noveleto, que avaliou que Fabrício fez por merecer a injúria racista.
O PLANTÃO
Antônio Augusto foi o melhor plantão esportivo do Brasil, principalmente no tempo em que trabalhou na rádio Guaíba, consagrando um estilo. Seu ‘tem gol’ está imortalizado. Convivi bastante tempo com ele. Depois, na rádio Pampa, ele costumava me colocar no ar para discutirmos coisas do Grêmio, clube que foi sua grande paixão, depois da família. Um dos filhos dele, André, é meu colega de trabalho. O outro é Antônio Augusto, advogado, presença assídua em programas de rádio.
Antônio Augusto fez parte de um time da Guaíba que tinha Armindo Antônio Ranzolin (antes dele Pedro Pereira) e Milton Jung como narradores, aliás esses dois também gremistas. Além de outros grandes narradores. Nos comentários, Lauro Quadros (gremista) e Rui Ostermann (colorado). Repórteres, um time imbatível: Edegar Schmidt (G), Lupi Martins (G), João Carlos Belmonte (C), Lasier Martins (C), Laerte de Francheschi (C), Jodoé Souza (G). Enfim, um timaço. Com certeza, esqueci alguns nomes.
Gente que fez a época de ouro do rádio esportivo gaúcho, conquistando inclusive respeito e credibilidade em todo o País.
Mas isso faz parte do passado.