Sem vocação para avestruz

A verdade, a dura verdade, é que o Grêmio caiu muito de rendimento em relação ao primeiro turno. Há uma tendência de queda que precisa ser revertida já no difícil jogo contra o Vasco, no Rio.

Difícil é pouco. Dificílimo, se considerarmos que o Grêmio tem sido generoso com os desesperados clubes da ponta de baixo da tabela. A Chapecoense é apenas uma das equipes que recebeu uma mãozinha para fugir do rebaixamento.

O Grêmio precisa deixar de ser bom samaritano, parar de ‘amar o próximo como ama a si mesmo’.

O que a torcida espera é um Grêmio agressivo do primeiro ao último minuto, parecido com aquele que empilhou 5 gols no Inter sem dó nem piedade.

É isso, um Grêmio impiedoso.

O Grêmio atual é pacato demais. Parece que perdeu a capacidade de indignação que revelou antes de sair dos trilhos, correndo agora o risco de descarrilar.

Sim, se o ‘maquinista’ Roger Machado não reagir, pode acontecer aquilo que 99% dos gremistas projetava antes de o campeonato começar: uma campanha apenas para continuar na primeira divisão e, no máximo, beliscar uma vaga na sul-americana.

O Grêmio se mantém no topo graças à sua campanha no primeiro turno. No segundo, o percentual é de 52% apenas.

Como eu não tenho vocação para avestruz, que, reza a lenda, enfia a cabeça no buraco para não ver o que está acontecendo, não posso deixar de registrar o que estou vendo. E o que vejo é um time que gradativamente deixa de ser confiável. 

Até pouco tempo atrás, o torcedor, com a auto-estima elevada em função do magnífico trabalho que Roger realizava, rumava para a Arena confiante, seguro de que veria mais uma bela atuação e, claro, uma vitória.

Isso terminou. A derrota por 3 a 2 diante da Chapecoense acendeu o sinal amarelo. Se eu fosse um alarmista diria que o sinal é vermelho. Mas não chega a tanto. Agora, se não vencer o Vasco…

Uma rápida espiada na tabela de classificação do segundo turno revela que o Grêmio, hoje, está três pontos atrás do Inter. Na classificação geral, a diferença a favor do Grêmio é larga. Mas já foi mais folgada. 

O que preocupa mesmo, ao menos a mim, é a diferença para o quarto colocado, o Santos. Apenas seis pontos. 

Se o Grêmio seguir claudicante a vaga direta à Libertadores/2016 estará ameaçada. Aliás, o que não será nenhuma novidade – vide Luxemburgo no Grêmio.

Cabe à direção tricolor e ao técnico Roger, que já provou sua capacidade, avaliar o que está acontecendo – alguns jogadores já não conseguem manter um futebol de alto nível – e tomar as providências necessárias.

Sem enfiar a cabeça no chão.

OVO OU A GALINHA

Percebo revolta entre grande parte dos gremistas em relação a alguns nomes do time. Sou da seguinte opinião: o jogador que teve grandes momentos pode voltar a jogar bem. É preciso verificar o que está acontecendo para uma queda de produção. O coletivo depende das individualidades, e vice-versa. Se o coletivo vai mal, sucumbem primeiro as individualidades menos talentosas, digamos assim. Se as individualidades vão mal, afeta o coletivo. Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?

O AIPIM

De uma vez por todas, chega de inventar. O esquema que deu certo é aquele com Pedro Rocha, muito importante por sua movimentação tanto ofensiva como defensiva. Com ele, vários jogadores crescem. Inclusive Marcelo Oliveira, hoje tão criticado. Sem falar no Luan. Pedro Rocha tem seus defeitos, sem dúvida, mas foi com ele em campo que o Grêmio viveu seus melhores momentos.

Pode ser que ele, agora, não resolva. Pode ser. Mas um aipim na frente é certo que não resolve.